
Ao depor nesta segunda-feira (8) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, o ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi afirmou que o governo federal acompanhava denúncias de fraudes no INSS desde 2023, mas não tinha clareza sobre o tamanho do problema.
Segundo Lupi, as primeiras suspeitas chegaram por meio da ouvidoria do Ministério e da plataforma Meu INSS. “Nunca tivemos capacidade de dimensionar o volume que esses criminosos fizeram. Isso só veio à tona depois que a Polícia Federal investigou para valer”, declarou.
O ex-ministro lembrou que a Polícia Federal abriu inquéritos semelhantes em 2016 e 2020, ambos arquivados. A operação que expôs o novo esquema, conduzida pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU) em abril de 2024, apurou descontos irregulares de mensalidades associativas em aposentadorias e pensões, prática que teria desviado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Lupi garantiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só foi informado das irregularidades no dia em que a operação foi deflagrada. Ele também reconheceu que a instrução normativa publicada em 2024 para regulamentar os descontos associativos não atingiu o resultado esperado. “Falhamos em ter uma ação mais enérgica do INSS para coibir”, admitiu.
À frente da Previdência entre 2023 e maio de 2025, Lupi deixou o cargo logo após a operação. Ele ressaltou que não foi citado nem denunciado nas investigações. “Errar é humano e eu posso ter errado várias vezes, mas má-fé nunca tive”, disse.
Na audiência, o ex-ministro defendeu a revisão das regras do crédito consignado. Para ele, após o fim do desconto em folha para associações, é necessário avaliar também a extinção dos abatimentos referentes a empréstimos consignados em benefícios de aposentados e pensionistas.
Durante a reunião, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) solicitou a suspensão do senador Rogério Marinho (PL-RN) da CPMI, alegando possível conflito de interesse devido ao cargo de secretário Especial da Previdência que Marinho ocupou no governo anterior. O pedido foi negado pelo presidente da sessão, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
A comissão já aprovou a convocação de todos os ex-ministros da Previdência e ex-presidentes do INSS desde 2015, além de dirigentes de entidades suspeitas e de supostos operadores do esquema, como Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti.
Dados do governo indicam que mais de 4 milhões de beneficiários declararam não ter autorizado os débitos em folha, e cerca de 2 milhões já aderiram ao acordo de ressarcimento dos valores descontados indevidamente.
Com a CPMI em andamento, os parlamentares buscam mapear responsabilidades, aprimorar mecanismos de controle e evitar que novos prejuízos atinjam os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social.
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