
O presidente da França, Emmanuel Macron, inicia nesta semana a escolha de seu quinto chefe de governo em menos de dois anos, depois que o Parlamento derrubou o primeiro-ministro de centro-direita François Bayrou. Na votação de confiança realizada na segunda-feira (8), 364 deputados se pronunciaram contra Bayrou, enquanto 194 o apoiaram.
Bayrou deve formalizar a renúncia nesta terça-feira e permanecerá no cargo apenas até a nomeação do sucessor. De acordo com o Palácio do Eliseu, Macron anunciará o novo primeiro-ministro nos próximos dias, sem prazo legal definido para a decisão.
Quem assumir o posto encontrará um Legislativo fragmentado e precisará costurar apoio para aprovar o orçamento de 2026. A União Europeia pressiona Paris a reduzir o déficit, hoje quase o dobro do limite de 3% do bloco, além de lidar com uma dívida pública equivalente a 114% do Produto Interno Bruto.
Entre os cotados está o ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, embora Macron também avalie nomes de centro-esquerda ou perfis técnicos. Nos bastidores, partidos intensificam a disputa por espaço. “É a vez da esquerda e dos verdes governarem; precisamos reivindicar o poder”, disse o líder socialista Olivier Faure à rádio France Inter.
Na outra ponta, a Reunião Nacional voltou a defender eleições legislativas antecipadas, possibilidade rejeitada pelo presidente. Para a líder do partido, Marine Le Pen, “dissolver o Parlamento é a melhor saída para a crise política”.
Os mercados reagiram com cautela. A destituição de Bayrou já estava em grande parte precificada, mas investidores observam a revisão da nota de crédito soberano da França pela agência Fitch, prevista para sexta-feira.
Entidades empresariais demonstram preocupação com o prolongamento da instabilidade. “Meses de tensão política já corroeram a confiança econômica; isso desacelera investimentos e contratações”, afirmou Maya Noël, representante do lobby tecnológico France Digitale.
No campo social, o governo prepara-se para os protestos “Vamos bloquear tudo”, convocados para quarta-feira em redes sociais e comparados por analistas às manifestações de 2018-2019 contra Macron. A segurança foi reforçada em grandes cidades.
Sem maioria sólida no Parlamento, o novo primeiro-ministro terá de negociar, partido a partido, cada ponto da pauta fiscal para evitar novo impasse e atender às exigências da União Europeia.
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