
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, declarou que existe um “plano de negócios” voltado para a Faixa de Gaza que prevê significativo retorno financeiro e um futuro “boom imobiliário” no território palestino após o término da guerra. A afirmação foi feita durante entrevista em que respondeu a perguntas sobre possíveis projetos de colonização israelense na região.
Segundo Smotrich, o documento, elaborado por “profissionais qualificados”, já foi apresentado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. De acordo com o ministro, a proposta busca transformar a área no que descreveu como “mina de ouro imobiliária” após a destruição de grande parte da infraestrutura local. “A fase de demolição, que sempre foi a primeira etapa da renovação urbana que realizamos, já aconteceu; agora é preciso construir”, afirmou.
Dados de organismos internacionais apontam que aproximadamente 90% da infraestrutura de Gaza foi danificada ou demolida desde o início do conflito, afetando quase todos os 2 milhões de habitantes. Smotrich, filiado ao partido ultranacionalista Sionismo Religioso, sustentou que Israel teria direito a participar dos lucros provenientes da comercialização de terras no enclave palestino devido aos altos investimentos militares feitos na operação.
O governo israelense vem enfrentando acusações de genocídio por parte de autoridades de diversos países, organizações de direitos humanos e relatórios das Nações Unidas, alegações rejeitadas pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Paralelamente, o presidente norte-americano tem defendido publicamente a remoção da população palestina e a criação de uma “Riviera do Oriente Médio” na costa de Gaza, visão que coincide com as declarações de Smotrich.

A proposta de transformar a faixa costeira em empreendimento turístico imobiliário é amplamente contestada por grupos palestinos, Estados árabes e pela maioria da comunidade internacional. Resoluções da Organização das Nações Unidas proíbem a aquisição de território por meio de guerra, classificando a prática como violação do direito internacional.
Para analistas, as falas do ministro reforçam a linha de política que prega o controle total israelense sobre áreas palestinas. Organizações humanitárias alertam que eventuais planos de reconstrução não podem ignorar os direitos dos habitantes deslocados, que continuam sem perspectiva de retorno seguro às suas casas.
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