
A cantora e compositora Angela Ro Ro morreu na manhã desta segunda-feira, 8 de setembro, aos 75 anos. A artista estava internada desde junho no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, para tratar uma infecção pulmonar grave que exigiu traqueostomia. Segundo familiares, o quadro se agravou nas últimas semanas e, após um procedimento cirúrgico, ela sofreu parada cardíaca.
Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves em 1949, no Rio, recebeu ainda criança o apelido “Ro Ro” por causa da voz rouca herdada da mãe. Filha única de uma enfermeira e de um policial civil, iniciou estudos de piano clássico na infância e, no início dos anos 1970, passou uma temporada na Europa. Em Londres, conheceu Caetano Veloso por intermédio do cineasta Glauber Rocha e participou da gravação do álbum Transa, tocando gaita na faixa “Nostalgia”.
De volta ao Brasil, começou a despontar em festivais e, em 1979, lançou o disco de estreia, homônimo, que trouxe sucessos como “Amor, Meu Grande Amor”, “Tola Foi Você” e “Não Há Cabeça”. O álbum seguinte, de 1980, apresentou “Só Nos Resta Viver” e versões de “Bárbara”, de Chico Buarque, e “Fica Comigo Esta Noite”. Em 1981, lançou Escândalo, cujo título foi inspirado em canção composta por Caetano especialmente para ela.
Ao longo das décadas de 1980 e 1990, Angela lançou trabalhos frequentes, enfrentou dificuldades financeiras e lutou contra a dependência de álcool. Em 1999, reapareceu mais magra e voltou às paradas com “Compasso”. Em entrevistas, defendia o direito à liberdade sexual e relatava agressões sofridas por homofobia nos anos 1970 e 1980. “Sim, eu sou gay”, disse, em 2018, no programa Conversa com Bial.
Nos últimos anos, preferiu shows intimistas, apenas ao piano ou ao lado do músico Ricardo Marc Cord. Em 2023, foi convidada por Caetano Veloso para a turnê que revisitava Transa e, no mesmo ano, anunciada no Coala Festival, em São Paulo, mas cancelou a apresentação por razões de saúde. Em 2024, lançou os singles autorais “Cadê o Samba?” e “Planos do Céu”, seus últimos registros em estúdio.
No primeiro semestre de 2025, Angela recorreu às redes sociais relatando problemas financeiros e de saúde, o que mobilizou amigos e fãs. A cantora deixa contribuição singular à música popular brasileira, marcada pela mistura de blues, samba-canção, bolero e rock, além de letras confessionais e presença de palco irreverente.
O corpo será velado no Rio de Janeiro, em cerimônia restrita à família. Informações sobre local e horário do sepultamento não haviam sido divulgadas até a publicação desta nota.
Faça um comentário