
Claudia Cardinale, referência do cinema italiano na segunda metade do século XX, morreu nesta terça-feira (23) aos 87 anos, em sua residência na região de Nemours, nos arredores de Paris. A informação foi confirmada pelo agente da artista, Laurent Savry, que não divulgou a causa do falecimento nem detalhes sobre o funeral.
Nascida em Túnis, em 1938, filha de pais italianos, Cardinale alcançou projeção internacional após vencer, em 1957, o concurso “Menina italiana mais bonita na Tunísia”. O prêmio lhe garantiu viagem a Roma e o primeiro contrato no cinema, marco inicial de uma carreira que reuniria quase 150 longas-metragens.
Ícone de produções clássicas
Entre os trabalhos mais celebrados de Claudia Cardinale estão “8½” (1963), de Federico Fellini, e “Era uma Vez no Oeste” (1968), de Sergio Leone. No mesmo período, atuou em sucessos como “A Pantera Cor-de-Rosa” (1963) e “O Leopardo” (1963), dirigido por Luchino Visconti, com quem colaborou também em “Rocco e Seus Irmãos” (1960).
Sobre o período, a própria atriz costumava recordar as diferenças entre dirigir com Visconti e Fellini. Ela trabalhava ainda sob demanda constante de Hollywood, mas manteve residência na Europa, reunindo papéis em produções italianas, francesas e norte-americanas.
Reconhecimento e prêmios
Ao longo da trajetória, Cardinale recebeu o Prêmio Pasinetti de Melhor Atriz em 1984, o Leão de Ouro honorário em Veneza (1993) e o Urso de Ouro honorário em Berlim (2002). Seu último filme lançado foi “The Island of Forgiveness” (2022), coprodução entre Itália e Tunísia.
Repercussão da morte
“Ela deixa o legado de uma mulher livre e inspiradora”, disse seu agente Laurent Savry, ressaltando a proximidade da atriz com os filhos nos últimos dias. O ministro italiano da Cultura, Alessandro Giuli, lamentou a perda de “uma das maiores intérpretes do nosso cinema”.
Ferrenha opositora de cirurgias estéticas, Claudia Cardinale costumava aconselhar jovens atrizes a não aceitarem papéis que comprometessem sua integridade. A artista também destacava a importância de preservar a própria voz, lembrando que só a partir de “8½” pôde dispensar dublagens.
A família ainda não informou data nem local das cerimônias de despedida. O legado de Claudia Cardinale permanece associado à renovação do cinema italiano e à consolidação de uma filmografia que marcou diversas gerações de realizadores e espectadores.
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