Museu Histórico Nacional reabre com mostra internacional sobre legado da escravidão

Foto de três mulheres negras de roupas brancas deitados na praia, segurando as mãos na água, simbolizando o legado da escravidão e reafirmando a importância da memória histórica na reabertura do Museu Histórico Nacional com mostra internacional.
Imagem: Divulgação

O Museu Histórico Nacional (MHN), no centro do Rio de Janeiro, voltará a receber visitantes a partir de quinta-feira, 13 de novembro, com a exposição Para além da escravidão: construindo a liberdade negra no mundo. Gratuita, a mostra permanecerá em cartaz até 1º de março de 2026 e marca a reabertura parcial do museu, fechado para obras desde dezembro passado.

Resultado de uma curadoria compartilhada entre instituições do Brasil, Estados Unidos, África do Sul, Senegal, Inglaterra e Bélgica, a exposição reúne cerca de 100 objetos, 250 imagens e dez filmes distribuídos em seis núcleos temáticos. O percurso aborda a escravidão atlântica entre os séculos XV e XIX e conecta esse passado aos desdobramentos contemporâneos, como reparações, justiça ambiental e violência racial.

“A escravidão é um fenômeno global e suas consequências permanecem no presente”, afirmou a historiadora e curadora brasileira Keila Grinberg, professora da Unirio. Entre as peças em exibição estão objetos religiosos, instrumentos musicais — como um atabaque do Haiti — e documentos que relatam formas de resistência ao tráfico de pessoas e ao colonialismo em diferentes regiões.

A etapa carioca é a segunda do circuito mundial iniciado em dezembro de 2024 no National Museum of African American History and Culture, em Washington. Depois do Rio, a exposição seguirá para a Cidade do Cabo (África do Sul), Dakar (Senegal) e Liverpool (Reino Unido), sempre mantendo o foco no legado da escravidão e nas experiências de liberdade negra.

O Brasil foi escolhido como primeiro destino fora dos Estados Unidos por sua relevância nos estudos sobre escravidão. Segundo Grinberg, o país recebeu cerca de 45% dos africanos escravizados trazidos às Américas — proporção que ajuda a explicar a centralidade do tema na história nacional. Estima-se que 12 milhões de pessoas tenham sido sequestradas no continente africano ao longo de 300 anos.

“Não se entende a história do Brasil sem compreender a escravidão”, destacou a curadora, lembrando, entretanto, que o sistema foi abolido e que as mobilizações antirracistas continuam a desafiar estruturas de desigualdade.

Atividades paralelas reforçam o caráter educativo da programação. Nos dias 13 e 14 de novembro, o MHN e o Arquivo Nacional realizam o seminário internacional Para além da escravidão: memória, justiça e reparação, na sede do Arquivo Nacional. No mesmo local, ficará em cartaz até 30 de abril de 2026 a mostra Senhora Liberdade: mulheres desafiam a escravidão, que exibe processos judiciais movidos por dez mulheres escravizadas no século XIX.

O Instituto Pretos Novos, também no Rio, apresentará de 14 a 15 de dezembro a mostra Conversas inacabadas, reunindo entrevistas conduzidas nos seis países participantes do projeto sobre percepção de racismo e consciência racial.

Com entrada franca, a exposição principal no Museu Histórico Nacional funciona de terça a domingo. A instituição recomenda agendamento online devido à capacidade reduzida durante a reforma.

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