
O Museu da Língua Portuguesa, no centro de São Paulo, abriu neste sábado (15) a exposição FUNK: Um grito de ousadia e liberdade, dedicada a retratar a influência do gênero na língua, nas artes visuais e na moda. Concebida originalmente pelo Museu de Arte do Rio (MAR), onde permaneceu por um ano e meio, a mostra chega à capital paulista com 473 obras e itens de acervo, incluindo material inédito sobre o funk produzido no estado.
A curadoria, assinada pela pesquisadora Renata Prado, propõe apresentar o funk além da música, destacando sua origem urbana e periférica e os desdobramentos estéticos, sociais e políticos do movimento. A exposição permanecerá aberta ao público até agosto de 2026.
Entre pinturas, fotografias e registros audiovisuais, o percurso expositivo mostra como o funk se tornou referência de visualidade e identidade. Estão presentes trabalhos de artistas contemporâneos como Panmela Castro, Rafa Bqueer, Marcela Cantuária, Maxwell Alexandre e Rafa Black. O artista Tiago Furtado explora a ligação entre rap e funk tendo como cenário o centro histórico paulistano, enquanto Markus CZA retrata movimentos negros no contexto urbano de São Paulo.
Para Markus CZA, a presença do gênero em um equipamento cultural de grande porte representa avanço na política cultural. “É muito importante que espaços institucionais reconheçam e abracem a cultura funk; por muitos anos esse lugar nos foi negado”, afirmou.
A abordagem histórica da mostra começa pelos bailes black do fim da década de 1960 no Rio de Janeiro e em São Paulo, apontados como berço do funk. Um dos destaques é a interpretação, em telas inéditas, do show de James Brown na festa Chic Show, realizado no ginásio do Palmeiras em 1978 diante de 22 mil pessoas. Fotografias de acervos pessoais de dançarinos, músicos e produtores completam o conjunto, com registros de Jair Rodrigues e os Originais do Samba, Nelson Triunfo, Gerson King Combo e Lady Zu.
Renata Prado ressalta que a “juventude da periferia, historicamente sem espaço para se manifestar, agora ocupa museus com a sua arte”. Segundo a curadora, a exposição foi pensada para todos os públicos, “sejam funkeiros ou não”, e busca evidenciar as múltiplas linguagens artísticas que orbitam o movimento.
Com entrada gratuita às terças-feiras e preços populares nos demais dias, FUNK: Um grito de ousadia e liberdade reforça a agenda cultural do Museu da Língua Portuguesa e amplia o diálogo entre patrimônio linguístico e manifestações contemporâneas. A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 9h às 18h.

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