A Netflix decidiu encerrar a produção de Boots depois de apenas uma temporada, pondo fim a um projeto que tratava da experiência de um recruta gay no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos durante a década de 1990.
Criada por Andy Parker e baseada nas memórias “The Pink Marine”, de Greg Cope White, a série acompanhava Cameron Cope, jovem que se alista ao lado do melhor amigo, Ray, e precisa ocultar sua sexualidade em meio à política que proibia pessoas LGBTQ+ de servir nas Forças Armadas. Combinando narrativa de amadurecimento e ambiente militar, a produção abordava os laços formados entre recrutas submetidos a treinamentos rígidos e a um sistema que não os aceitava plenamente.
Boots foi também o último trabalho na televisão com produção executiva de Norman Lear, um dos principais nomes da indústria norte-americana. Brent Miller, parceiro de longa data de Lear, relatou que a equipe já planejava levar os personagens para um cenário de guerra na segunda temporada. “Tínhamos objetivos ambiciosos e estávamos prontos para avançar”, afirmou o produtor.
Miller acrescentou que Lear recebeu a notícia com “decepção, mas também gratidão pela oportunidade de contar aquela história”. Segundo o produtor, o veterano sempre encarava negativas como etapas do processo criativo e defendia a busca por novos caminhos para manter projetos vivos.
O cancelamento reacendeu discussões sobre representatividade na plataforma. Embora elogiada por retratar uma perspectiva rara dentro do gênero militar, a série enfrentou oposição de setores conservadores nos Estados Unidos, fator apontado por parte do elenco e da equipe como sinal de sua relevância cultural.
Até o momento, a Netflix não comentou publicamente os motivos para a decisão, que interrompe iniciativas de ampliar a visibilidade de narrativas LGBTQ+ em tramas históricas. Com apenas uma temporada disponível, Boots permanece no catálogo, mas sem previsão de continuidade ou de eventual negociação com outros distribuidores.
Produzida pelos estúdios da Sony Pictures Television, a série contou com elenco liderado por Miles Heizer (Cameron) e Liam Hemmingsen (Ray). Apesar do desfecho prematuro, o projeto consolida o legado de Norman Lear, falecido em 2023, como defensor de histórias centradas em temas sociais e diversidade.
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