
O transplante de rim permanece o tratamento mais eficaz para pacientes em estágio avançado da insuficiência renal crônica, condição que afeta a capacidade do organismo de eliminar toxinas e equilibrar líquidos, sais minerais e hormônios. Embora mais de 160 mil brasileiros dependam de algum tipo de diálise, dados do Ministério da Saúde indicam que somente de 5% a 10% conseguem chegar à cirurgia de transplante.
A operação consiste em implantar um rim saudável, proveniente de doador vivo ou falecido, na parte inferior do abdome do receptor. O órgão é ligado aos vasos sanguíneos e à bexiga, enquanto os rins doentes geralmente permanecem no corpo. Antes do procedimento, exames de compatibilidade sanguínea e análise do sistema HLA são essenciais para reduzir o risco de rejeição.
Avanços técnicos e terapêuticos vêm elevando os índices de sucesso. Registros internacionais apontam que mais de 80% dos pacientes mantêm o rim funcionante cinco anos após a cirurgia, resultado ainda melhor quando o órgão vem de doador vivo e a intervenção ocorre em centros experientes. “Os imunossupressores atuais são mais específicos e diminuem complicações, o que se reflete em maior sobrevida do enxerto”, afirma a nefrologista Dra. Carlucci Ventura.
Após o transplante, o uso contínuo de medicamentos imunossupressores é obrigatório para evitar a rejeição, embora aumente a suscetibilidade a infecções. Para o sistema público, o procedimento também representa economia: o custo do acompanhamento ambulatorial de um transplantado costuma ser inferior ao da diálise contínua.
O Brasil possui o segundo maior programa público de transplantes renais do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Mesmo assim, a fila de espera supera 30 mil pessoas, número que reforça a importância de campanhas de conscientização sobre doação de órgãos. Atualmente, a maioria dos rins vem de doadores falecidos, mas a doação em vida, geralmente por parentes compatíveis, encurta o tempo de espera e prolonga a vida útil do órgão.
Pesquisas em andamento buscam ampliar ainda mais o acesso ao transplante de rim. Estudos com xenotransplante, que utilizam órgãos de animais geneticamente modificados, avançam em ritmo cauteloso. Paralelamente, a bioengenharia de tecidos e a impressão 3D exploram a possibilidade de criar rins a partir de células do próprio paciente. “Essas linhas de investigação podem, no futuro, eliminar a escassez de órgãos”, comenta a especialista.
Enquanto soluções como xenotransplante e órgãos bioimpressos não chegam à prática clínica, nefrologistas destacam a necessidade de diagnóstico precoce da doença renal, expansão dos centros capacitados e fortalecimento das políticas de doação. Com novos protocolos cirúrgicos, medicamentos mais eficazes e acompanhamento rigoroso, o transplante de rim segue oferecendo maior sobrevida e liberdade a milhares de brasileiros.

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