ONG de autistas repudia fala de Trump sobre paracetamol e autismo

A Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Autistas Brasil) publicou nota de repúdio nesta terça-feira (23) às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que relacionou o uso de paracetamol durante a gravidez ao nascimento de crianças com autismo. Segundo a entidade, o chefe da Casa Branca apresentou a correlação sem amparo em pesquisas científicas.

O vice-presidente da Autistas Brasil, Arthur Ataide Ferreira Garcia, afirmou que “não existem ensaios clínicos randomizados, metanálises robustas nem grandes estudos populacionais que sustentem essa hipótese”. Para ele, a declaração “transforma nossa condição em um mal a ser combatido”, reforçando o capacitismo e alimentando desinformação sobre o transtorno do espectro autista (TEA).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e agências de saúde pública da União Europeia e do Reino Unido também negaram qualquer evidência de ligação entre o medicamento e o autismo. Todas as instituições consultadas reiteraram que, até o momento, não há prova científica que conecte o analgésico a alterações no neurodesenvolvimento.

De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, o TEA é caracterizado por desenvolvimento atípico, déficits de comunicação e interação social, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos. No país, o autismo é reconhecido como deficiência pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), e a Lei nº 12.764/2012 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

Em nota técnica, a Autistas Brasil destacou que o paracetamol é considerado seguro quando usado sob orientação médica durante a gestação, conforme protocolos internacionais. A entidade ressaltou que divulgar informações não comprovadas pode gerar medo injustificado, levar gestantes a interromper tratamentos recomendados e criar estigma contra pessoas com autismo.

Segundo Garcia, o pronunciamento de Trump “parece uma tentativa de responsabilizar comportamentos individuais por um quadro multifatorial, ignorando décadas de pesquisa no campo do autismo”. Ele pediu que autoridades sanitárias e meios de comunicação reforcem dados validados para evitar a propagação de rumores.

A associação concluiu a nota reafirmando seu compromisso com a defesa dos direitos das pessoas autistas e com a divulgação de informações respaldadas pela ciência.

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