
A estreia do documentário “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada”, da HBO, reacendeu o interesse pelo passado da socialite mineira. Um dos capítulos menos explorados na produção, porém registrado pela imprensa dos anos 1960 e 1970, é o relacionamento que ela manteve com o colunista social Ibrahim Sued, figura central da elite carioca na época.
Ângela Diniz e Ibrahim Sued conheceram-se no Rio de Janeiro, onde a socialite despontava como presença constante em bailes, desfiles e recepções privadas. Sued, cujas colunas no Jornal do Brasil e em outros veículos ditavam quem ocupava lugar de destaque na sociedade, passou a citá-la com frequência e cunhou o apelido “Pantera”, que marcou a imagem pública da jovem.
A parceria era mutuamente vantajosa. Enquanto Sued ganhava uma personagem carismática e controversa para ilustrar seus textos, Ângela obtinha visibilidade permanente em um espaço que funcionava como vitrine das altas rodas. Em um cenário no qual exposição significava poder, poucos contatos eram tão valiosos quanto o do principal colunista social do país.
Além das menções constantes, Sued descrevia o estilo, a atitude e a “presença magnética” de Ângela nos eventos, reforçando a aura de sofisticação que ela desejava projetar. Segundo registros da época, o colunista acompanhava a socialite em festas e viagens, o que alimentava rumores sobre o caráter pessoal do vínculo. Fontes dos círculos sociais confirmavam que se tratava de um relacionamento afetivo, mas também estratégico.
A interação impactou diretamente a trajetória de Ângela Diniz. A repercussão proporcionada por Sued abriu portas em clubes exclusivos, aproximou-a de empresários influentes e consolidou sua posição como ícone social. Ao mesmo tempo, fortalecia a própria coluna, que dependia de personagens capazes de gerar interesse contínuo do público.
No documentário da HBO, a narrativa concentra-se nos últimos anos da socialite, culminando no assassinato em 1976 e no julgamento que desencadeou debates sobre violência de gênero. Dessa forma, personagens fundamentais do período anterior, como Ibrahim Sued, recebem atenção limitada, apesar de sua importância para a construção da imagem empregada pela mídia da época.
Resgatar o relacionamento entre Ângela Diniz e Ibrahim Sued contribui para compreender como a socialite se tornou figura onipresente nas colunas sociais antes do crime que a transformaria, anos depois, em símbolo de discussão sobre machismo e impunidade no Brasil.
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