Pentágono exige aval prévio e ameaça passes de jornalistas dos EUA

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos estabeleceu que repórteres que cobrem o Pentágono terão de assinar um termo comprometendo-se a submeter suas reportagens a revisão de oficiais antes da publicação. Quem não concordar poderá ter o passe de acesso ao prédio suspenso, segundo a nova diretriz divulgada em Washington. A iniciativa reacendeu o debate sobre liberdade de imprensa no país.

Organizações de mídia classificaram a decisão como censura prévia. O Clube Nacional de Imprensa, que representa profissionais da área, afirmou que se trata de “um ataque direto ao jornalismo independente exatamente onde o escrutínio é mais necessário: nas Forças Armadas”. Para o presidente da entidade, Mike Balsamo, a medida compromete a transparência conquistada ao longo de gerações. “Se as notícias precisam ser aprovadas pelo governo, o público deixa de receber cobertura independente”, declarou.

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, rejeitou as críticas. Em publicação nas redes sociais, afirmou que “quem comanda o Pentágono é o povo, não a imprensa” e completou: “Use um crachá e siga as regras ou vá para casa”. Hegseth sustenta que o procedimento visa proteger informações sensíveis e padronizar o relacionamento com a imprensa.

A Fundação Liberdade para Imprensa avaliou que a exigência de aprovação prévia configura “a mais grave violação da Primeira Emenda”, que garante a liberdade de expressão nos Estados Unidos. A organização lembra que o governo não pode impedir a divulgação de informações públicas alegando sigilo sem base legal.

Este não é o primeiro atrito recente entre o governo Trump e veículos de comunicação. Em maio, o Departamento de Defesa já havia limitado a circulação de repórteres nos corredores do complexo, tornando obrigatória a autorização prévia e acompanhamento por escolta militar em áreas antes liberadas. Na semana passada, o presidente Donald Trump ameaçou revogar licenças de emissoras de rádio e televisão que criticam o governo, enquanto a rede ABC retirou do ar, sob pressão da Casa Branca, o programa do apresentador Jimmy Kimmel, conhecido opositor do presidente.

Especialistas em direito constitucional alertam que a nova política do Pentágono pode estabelecer precedente para outras repartições federais, reduzindo o acesso da sociedade a informações de interesse público. O Clube Nacional de Imprensa destaca que a cobertura militar sempre dependeu de repórteres com livre trânsito para apurar como guerras são conduzidas, o que permite à população avaliar ações de governo em temas de paz e conflito.

Até o momento, o Departamento de Defesa não detalhou quando as novas regras entram em vigor nem se haverá instâncias de recurso para jornalistas que se recusarem a aderir ao compromisso.

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