PF acusa Bolsonaro de ocultar R$ 2 mi transferidos a Michelle

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por ter transferido R$ 2 milhões para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em 19 de agosto de 2025, um dia antes de prestar depoimento no Inquérito 4.995 que apura a atuação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, para estimular sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.

De acordo com relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-chefe do Executivo “omitiu informação de repasse de valores” tanto à esposa quanto ao parlamentar. A PF lembra que Bolsonaro já havia reconhecido publicamente outra transferência, também de R$ 2 milhões, destinada a custear a estadia de Eduardo nos EUA, mas não mencionou o envio de quantias adicionais.

O documento aponta que não foi apresentada justificativa “para a movimentação financeira de mesmo valor em favor de Michelle Bolsonaro em data imediatamente anterior ao interrogatório”. Os investigadores sustentam que a operação integrou uma estratégia deliberada para dificultar o rastreamento de recursos e evitar bloqueios judiciais.

Segundo a PF, Bolsonaro atuou “de forma livre e consciente” desde o início de 2025, intensificando ações entre maio e julho, período em que Eduardo passou a buscar apoio no exterior para pressionar autoridades brasileiras. Nesse contexto, o ex-presidente teria se empenhado em esvaziar contas pessoais a fim de assegurar recursos à ofensiva conduzida pelo filho nos Estados Unidos.

A abertura da investigação partiu de pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, em maio. Gonet solicitou ao STF apuração sobre eventual estímulo de Eduardo Bolsonaro para que Washington adotasse medidas contra Moraes, responsável pelo inquérito das fake news e pelo processo sobre a suposta trama golpista.

Nos meses seguintes, o governo norte-americano impôs tarifa de 50% a produtos brasileiros, iniciou investigação comercial sobre o sistema Pix e, pela Lei Magnitsky, aplicou sanções financeiras ao próprio Moraes. Investigadores relacionam essas ações à campanha empreendida pelo parlamentar licenciado.

Em março, Eduardo pediu licença de 122 dias do mandato e mudou-se para os EUA alegando perseguição política. Na última sexta-feira (16), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), encaminhou à Comissão de Ética pedido de cassação do deputado com base em representações apresentadas por PT e PSOL.

O indiciamento por lavagem de dinheiro e associação criminosa foi encaminhado ao STF, que avaliará eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República. Até o momento, nem Jair nem Michelle Bolsonaro apresentaram explicações sobre a origem ou o destino dos R$ 2 milhões transferidos em agosto.

Em nota, a defesa do ex-presidente declarou que “todos os atos financeiros foram legais” e que eventuais esclarecimentos serão prestados em juízo.

 

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