
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, pediu nesta terça-feira (18) à Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado, no Senado, a ampliação de 38% no orçamento da corporação para 2026. A solicitação eleva os atuais R$ 1,8 bilhão para R$ 2,5 bilhões, montante que, segundo ele, é necessário para fortalecer o combate a facções, milícias e demais organizações criminosas.
Rodrigues declarou que a verba extra permitirá expandir as Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (FICCOs), estruturas que reúnem a Polícia Federal e corporações estaduais. “Precisamos de melhores condições para enfrentar o crime organizado em todo o país”, afirmou.
Durante a primeira oitiva da CPI — criada após operação no Rio de Janeiro que resultou em 121 mortes — o diretor-geral também defendeu o aumento do quadro funcional. A lei prevê 15 mil vagas, mas apenas 13 mil policiais estão em atividade, além de 2 mil servidores administrativos. Outros 2 mil agentes aprovados em concurso iniciam formação no próximo ano. Mesmo com o reforço, o chefe da PF avalia que o efetivo deveria ser duplicado para atender todas as frentes de atuação, que incluem controle de armas, passaportes, produtos químicos, fronteiras e imigração.
Na audiência, Rodrigues criticou o substitutivo do Projeto de Lei Antifacção em análise na Câmara. Ele apontou risco de redução de recursos de fundos federais, como o Funapol, e alertou para possíveis conflitos processuais que poderiam “trazer nulidades e prejuízos” às investigações.
Questionado pelo relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), o diretor-geral destacou a descapitalização do crime como prioridade. De acordo com dados apresentados, o valor de bens apreendidos subiu de R$ 1 bilhão em 2022 para R$ 6,4 bilhões em 2024, com expectativa de chegar a R$ 9 bilhões em 2025. A Operação Carbono Oculto, voltada ao PCC, respondeu por quase R$ 4 bilhões desse total.
Rodrigues defendeu ainda maior integração entre polícias e cooperação internacional, citando a Proposta de Emenda à Constituição da Segurança, que, na visão dele, ampliará a coordenação da União. Ele observou que a economia digital, com uso de fintechs e criptomoedas, impõe desafios adicionais à lavagem de dinheiro e requer atualização tecnológica do Estado.
O trabalho da CPI deve prosseguir com convocações de ministros, governadores, especialistas e servidores da área, a fim de elaborar diagnóstico sobre o alcance das facções e apontar necessidades de financiamento para a segurança pública.

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