A hipocrisia bélica de Israel e dos Estados Unidos

A política externa dos Estados Unidos e de Israel no Oriente Médio expõe uma face inquietante da geopolítica contemporânea: o uso sistemático da retórica da “segurança nacional” para justificar agressões militares, viola o direito internacional e gera crises humanitárias duradouras.

Em 2003, os EUA, sob o governo de George W. Bush, invadiram o Iraque com o pretexto de eliminar armas de destruição em massa que jamais foram encontradas. A guerra, apoiada em relatórios de inteligência manipulados ou falsos, resultou na morte de centenas de milhares de civis, no colapso do Estado iraquiano e no surgimento de grupos extremistas como o Estado Islâmico. Trata-se de um dos maiores fracassos morais e estratégicos do século XXI, que nunca gerou responsabilização real entre seus idealizadores.

Hoje, o mesmo discurso reaparece, desta vez na voz de Israel, com apoio ou tolerância tácita de Washington. O Irã é apontado como a nova “ameaça existencial”, sob a acusação de enriquecer urânio para fins militares — algo que, até agora, não foi comprovado pelas inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. No entanto, Israel — uma potência nuclear não-declarada, que nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear — se reserva o direito de bombardear instalações iranianas, sem prestar contas à comunidade internacional.

Essa duplicidade escancara o padrão de hipocrisia que rege a política de segurança no Ocidente: aliados podem violar normas internacionais, enquanto inimigos presumidos são punidos por suas intenções, mesmo sem provas. O que está em jogo não é a paz, mas a manutenção de hegemonias regionais e interesses econômicos.

Os EUA e Israel, ao se posicionarem como juízes e carrascos no Oriente Médio, desestabilizam regiões inteiras, alimentam ciclos intermináveis de violência e fortalecem narrativas extremistas. Pior: ao agirem fora do escopo das Nações Unidas, minam os próprios mecanismos que deveriam garantir a ordem internacional baseada em regras.

Enquanto isso, a população civil — seja em Bagdá, Gaza ou Teerã — paga o preço mais alto. Bombas lançadas em nome da “liberdade” nunca trazem democracia, mas apenas escombros, trauma e ódio.

Apesar das flagrantes violações ao direito internacional, a comunidade internacional mantém um silêncio constrangedor, revelando a seletividade das condenações e a fragilidade dos princípios que deveriam reger a ordem global. A ONU, por sua vez, adota um papel tímido e ineficaz, muitas vezes paralisada pelos vetos no Conselho de Segurança ou por pressões políticas de potências que ignoram resoluções quando lhes convém. Essa omissão institucional diante de conflitos graves, como os que ocorrem no Oriente Médio, contribui para a normalização da violência, a erosão das normas internacionais e a perpetuação da impunidade.

É hora de denunciar com clareza: a guerra preventiva, travestida de “autodefesa”, é uma política imperialista. Israel e Estados Unidos devem ser responsabilizados por suas ações ilegais e pela destruição que impõem ao mundo sob o pretexto de segurança.

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