
A produção industrial brasileira subiu 0,1% em outubro na comparação com setembro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada nesta terça-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O pequeno avanço interrompe a queda de 0,4% registrada no mês anterior e mantém o setor 2,4% acima do nível observado em fevereiro de 2020, pré-pandemia.
No acumulado de 12 meses, a indústria exibe crescimento de 0,9%. Embora positivo, trata-se do menor resultado nessa métrica desde março de 2024, quando estava em 0,7%. Em março de 2025, o indicador havia alcançado 3,1%, sinalizando desaceleração ao longo do ano. Frente a outubro de 2024, houve recuo de 0,5%.
Desempenho por atividades
Das 25 atividades pesquisadas, 12 ampliaram a produção entre setembro e outubro. Os principais destaques positivos foram:
- Indústrias extrativas: 3,6%
- Produtos alimentícios: 0,9%
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: 2,0%
- Produtos químicos: 1,3%
- Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos: 4,1%
- Confecção de vestuário e acessórios: 3,8%
O gerente da pesquisa, André Macedo, atribui o resultado principalmente às indústrias extrativas. “A maior extração de petróleo, minério de ferro e gás natural foi determinante para o desempenho de outubro”, afirmou.
Por outro lado, quatro ramos recuaram de forma mais acentuada:
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: ‑10,8%
- Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis: ‑3,9%
- Impressão e reprodução de gravações: ‑28,6%
- Produtos do fumo: ‑19,5%
Influência da política monetária
Para Macedo, o patamar elevado dos juros continua limitando uma recuperação mais robusta. A taxa Selic permanece em 15% ao ano, o nível mais alto desde 2006. “O juro alto reduz a oferta de crédito e, consequentemente, a demanda por bens, afetando não só a indústria, mas toda a economia”, avaliou o pesquisador.
Mesmo assim, o IBGE observa que o mercado de trabalho tem exibido melhora, com índices de desemprego próximos aos menores da série histórica e aumento da massa de renda, fatores que apoiam parcialmente a atividade industrial.
Efeito do “tarifaço” norte-americano
Alguns segmentos relataram impacto das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos em agosto. O setor de madeira foi o mais citado, seguido por calçados, minerais não metálicos e máquinas e equipamentos. Segundo o IBGE, 22% das exportações brasileiras para o mercado norte-americano continuam sujeitos às sobretaxas, apesar de negociações recentes que removeram parte dos tributos extras sobre carnes e café.
Embora reconheça a influência do chamado “tarifaço”, Macedo destaca que o aperto monetário doméstico tem peso maior na atividade. “As tarifas explicam quedas pontuais, mas o efeito da Selic elevada é mais abrangente sobre a produção industrial”, concluiu.

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