
Mulheres se reuniram neste domingo (7) no Posto 5 da Praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, para cobrar do poder público políticas mais eficazes de prevenção e acolhimento às vítimas de violência de gênero. O ato, batizado de Na Rua por Mulheres Vivas!, foi motivado pelo avanço dos casos de feminicídio no país e pela falta de investimentos em serviços de proteção.
No centro da manifestação, a agente de educação infantil Evelyn Lucy Alves da Luz, 44 anos, relatou a tentativa de feminicídio que sofreu em 6 de fevereiro de 2017. Na ocasião, o ex-marido atirou três vezes contra ela, em frente à própria casa, em Vila Isabel, zona norte da cidade, logo após devolver a filha de seis anos, que presenciou toda a agressão. Dois disparos atingiram o abdômen, provocando a remoção do baço, parte do fígado e do ovário esquerdo; o terceiro acertou o rosto. Evelyn permaneceu 21 dias internada, 11 deles na UTI.
“Carrego marcas físicas e emocionais e precisei reconstruir minha vida sem qualquer apoio governamental”, disse a servidora, que descobriu este ano, por conta própria, que o agressor está em liberdade. Segundo ela, seu sustento e o tratamento psicológico da filha dependem exclusivamente de uma rede de solidariedade formada por amigos e coletivos feministas.
A psicóloga Adriana Herz Domingues, 31 anos, coordenadora estadual do Coletivo Juntas, afirmou que a principal reivindicação do movimento é a ampliação da rede de acolhimento, com concursos públicos para Casas da Mulher, centros de referência e delegacias especializadas. “É fundamental que as vítimas encontrem suporte financeiro, jurídico e psicológico para romper o ciclo de violência”, declarou.
Entre as participantes também estava Vanderlea Aguiar, 49 anos, que deixou um relacionamento abusivo e hoje apoia outras sobreviventes. Ela defendeu a criação de bolsas e programas de emprego para mulheres em situação de risco, argumento reforçado por faixas e cartazes espalhados na orla.
A aposentada Deise Coutinho, 68 anos, integrante do Sindicato dos Professores de Escolas Particulares, espalhou girassóis ao lado de cruzes pretas sobre o asfalto, simbolizando mulheres assassinadas. “O girassol representa nossa disposição de nos levantar para exigir respostas do Estado”, afirmou.
As manifestantes pedem ainda campanhas permanentes de conscientização em escolas e unidades de saúde, aplicação integral da Lei Maria da Penha e monitoramento efetivo de agressores. O grupo promete manter mobilizações até que o governo apresente um plano de ação nacional para conter o feminicídio.

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