
A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que a redução da cobertura vacinal contra o sarampo está abrindo espaço para novos surtos em dezenas de países. Entre 2000 e 2024, as mortes provocadas pelo vírus despencaram 88%, o que evitou cerca de 58 milhões de óbitos. O avanço, porém, está ameaçado: 59 nações registraram, no último ano, surtos considerados grandes ou disruptivos, quase três vezes acima do observado em 2021.
Nos Estados Unidos e no Canadá, onde a transmissão havia sido eliminada, o número de casos voltou a crescer e o status de eliminação corre risco. Na União Europeia, mais de 35 mil ocorrências foram notificadas desde 2023, reflexo direto de campanhas de imunização incompletas.
No Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) ainda reconhece a eliminação da circulação endêmica do vírus, mas o Ministério da Saúde mantém o alerta. Até a 38ª semana epidemiológica de 2025, 37 infecções foram confirmadas em diferentes estados; a maior parte dos pacientes contraiu a doença no exterior. “Em regiões com baixa cobertura, um único caso importado pode desencadear transmissão local”, explicou, em nota, a pasta.
O relatório da OMS calcula que, somente em 2024, mais de 30 milhões de crianças não receberam a quantidade adequada de doses. O sarampo é extremamente contagioso: uma pessoa infectada pode transmitir o vírus para até 90% dos indivíduos suscetíveis que estejam próximos. Para bloquear a circulação, a taxa de vacinação precisa manter-se acima de 95%, patamar distante da realidade atual em várias partes do mundo.
A entidade de saúde pública chama atenção para o avanço do sentimento antivacina como um dos fatores que dificultam o alcance das metas. “Quando a confiança na vacina cai, o vírus encontra brechas”, observou Natasha Crowcroft, consultora da OMS para sarampo.
A recomendação global segue a mesma: ampliar a cobertura vacinal de rotina, realizar campanhas de bloqueio em áreas vulneráveis e reforçar a vigilância epidemiológica. No Brasil, o esquema básico inclui duas doses da tríplice viral, aplicadas aos 12 e aos 15 meses de idade, com estratégias de resgate para quem perdeu prazos. Segundo especialistas, a adesão consistente a esse calendário continua sendo a forma mais eficaz de prevenir hospitalizações, complicações graves e óbitos.

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