
A taxa básica de juros, a Selic, deve iniciar um ciclo de redução “consistente e sustentável” nos próximos meses, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã desta segunda-feira, 22 de setembro, durante o evento Macro Day, organizado pelo banco BTG Pactual em São Paulo.
Sem especificar datas, Haddad indicou que espera avanços já no ano que vem e projeta um cenário ainda melhor para 2026. “Acho que os juros vão começar a cair e vão cair, na minha opinião, de forma consistente e sustentável”, declarou o ministro, citando o atual nível do dólar e a trajetória recente da inflação como fatores que favorecem a flexibilização monetária.
A fala ocorre poucos dias depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manter a taxa Selic em 15% ao ano. No comunicado da decisão, o colegiado justificou a interrupção do ciclo de cortes pela incerteza no ambiente externo, especialmente em razão da condução da política econômica nos Estados Unidos.
Haddad ponderou que o patamar elevado dos juros não se explica apenas pelo quadro fiscal brasileiro. “Existem outras coisas que explicam o juro no Brasil. O fiscal é muito importante, mas não é a única explicação para esse patamar”, ressaltou. Segundo ele, fatores como expectativas de inflação, prêmio de risco e condições internacionais também influenciam a curva de rendimentos local.
O ministro voltou a defender o fortalecimento do arcabouço fiscal aprovado em 2023 e observou que a responsabilidade pelo equilíbrio das contas públicas não recai apenas sobre o Executivo. Ele destacou que decisões do Judiciário e do Congresso Nacional afetam diretamente o resultado primário e, consequentemente, a percepção do mercado sobre a dívida pública.

Para consolidar o novo regime, Haddad declarou ser necessário dialogar com o Legislativo. “Você precisa criar as condições políticas de sentar com os parlamentares e falar: nós vamos precisar ajustar algumas regras, senão o arcabouço não vai ser sustentável no longo prazo”, afirmou.
Com a Selic em nível considerado restritivo, o governo aposta na desaceleração inflacionária e na melhora dos indicadores de risco para abrir espaço a cortes graduais na taxa de juros. Caso o cenário se confirme, a equipe econômica acredita que o crédito ficará mais barato, impulsionando o investimento produtivo e o crescimento a partir de 2025, com reflexos mais robustos em 2026.
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