O Museu Carde, mantido pela Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA), apresenta neste sábado, 20, a edição zero da revista O Mantiqueira, suplemento cultural gratuito dedicado à Serra da Mantiqueira. O lançamento marca a estreia do projeto editorial que pretende discutir memória, identidade regional e temas contemporâneos a partir da paisagem montanhosa que abrange São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Inspirada nos tradicionais cadernos dominicais de cultura, a publicação foi desenvolvida em parceria com o Projeto República, centro de memória e documentação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) coordenado pela historiadora Heloisa Starling. Com periodicidade quadrimestral, a revista terá distribuição física em Campos do Jordão — sede do museu — além de livrarias, bancas, escolas e universidades da região, e download gratuito na internet.
O número inaugural reúne cerca de 40 páginas. Entre os destaques estão reflexões sobre a ocupação caipira, a relação entre homem e território e a construção de culturas locais no século 21. Em artigo, o pesquisador Leonardo Piana observa que escrever sobre montanhas “é verdade, mas também esconde tantas coisas”, apontando a complexidade histórica da Serra da Mantiqueira.
A edição também traz entrevista com o historiador Evaldo Cabral de Mello, matéria sobre a obra do artista plástico e compositor Heitor dos Prazeres e reportagens que examinam democracia, a ascensão do nazismo nos anos 1930 na Alemanha e desafios atuais do Brasil, da vida urbana às florestas.
Para Heloisa Starling, “a Serra da Mantiqueira é uma estrada interminável, por onde cruzam diversos caminhos”. Segundo ela, o território oferece instrumentos para refletir sobre direitos, preservação ambiental e distribuição de riqueza. “Direitos ressoam dentro de cada um e demandam participação ativa”, afirma a pesquisadora.
A distribuição do suplemento é realizada pelo próprio Carde e pela Editora Autêntica, que assina o projeto em conjunto com o Projeto República e a FLMA. A revista amplia o escopo do museu, conhecido pelo acervo de aproximadamente 500 automóveis e exposições de design voltadas à história regional.
Criada como legado de Lia Maria Aguiar, acionista do grupo Bradesco, a fundação que financia o museu destinará mais de R$ 1 bilhão de patrimônio à promoção de iniciativas culturais e educacionais na Serra da Mantiqueira.
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