Rocky Horror Picture Show completa 50 anos e mantém legado libertário

O musical cinematográfico Rocky Horror Picture Show chega nesta quinta-feira, 14 de agosto, ao marco de meio século desde a estreia, mantendo o status de filme há mais tempo em cartaz na história e símbolo do conceito de obra cult. Criado pelo ator e compositor britânico Richard O’Brien, o longa de 1975 consolidou-se como espaço de celebração da diversidade sexual e da liberdade individual.

A trajetória começou dois anos antes, em 1973, quando O’Brien apresentou a peça The Rocky Horror Show num pequeno teatro de Londres. A montagem de baixo orçamento mesclava referências de terror de série B, rock’n’roll e literatura pulp. A pretensão, segundo o autor, era apenas “tocar rock, contar piadas e divertir o público” durante algumas semanas.

Contrariando as expectativas, o espetáculo atraiu nomes como Mick Jagger e David Bowie, ganhou palcos na Broadway e, em 1975, transformou-se em filme dirigido por Jim Sharman. Ainda assim, a produção falhou nas bilheterias convencionais. O êxito chegou um ano depois, quando as salas dos Estados Unidos passaram a exibir sessões da meia-noite. O público jovem adotou fantasias, interagia com a tela e inaugurou o formato shadow cast, no qual atores replicam as cenas diante do telão. Essa dinâmica permanece como atração regular em diversos cinemas, sobretudo norte-americanos.

No centro da narrativa estão Brad e Janet, casal conservador que, após um acidente de carro, busca abrigo no castelo do excêntrico Frank-N-Furter. A personagem de Tim Curry, descrita como “uma doce travesti de Transexual, Transilvânia”, subverte as certezas dos visitantes ao criar Rocky, ser humano idealizado como brinquedo sexual. Entre números musicais, o roteiro aborda desejo, livre-arbítrio e quebra de tabus morais, temas que ainda ressoam cinco décadas depois.

O refrão “Don’t Dream It, Be It”, presente na trilha, sintetiza a proposta original e foi inspirado em anúncios de uma rede de lingeries. Para O’Brien, hoje com 83 anos e radicado na Nova Zelândia, o sucesso inesperado demonstra a força de produções que não buscam agradar às convenções do mercado. Em entrevista recente, ele observou: “O segredo é criar algo que primeiro agrade a você mesmo”.

Apesar da longevidade e da popularidade, o criador lamenta que questões debatidas na obra continuem atuais. Em suas palavras, “o filme deveria ser uma relíquia de tempos em que se estranhava um homem de salto alto, mas suas mensagens ainda importam”. Ele classificou o ambiente político contemporâneo como “insanidade” ao citar movimentos conservadores nos Estados Unidos e no Brasil.

Linus O’Brien, filho do autor e diretor do documentário Strange Journey: The Story of Rocky Horror — ainda sem previsão de estreia no Brasil —, corrobora a análise do pai. Ele destaca que sessões do filme serviram como local seguro para jovens em cidades conservadoras. “A relevância contínua é, de certa forma, um lembrete de que ainda há resistência à liberdade de expressão”, avaliou.

O impacto cultural do Rocky Horror Picture Show pode ser medido também pelo reconhecimento de recorde: trata-se do título que permaneceu por mais tempo em exibição comercial ininterrupta, impulsionado pelas projeções mensais da meia-noite. O formato influenciou outros eventos de participação coletiva e ajudou a definir o conceito moderno de fandom.

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Imagem: Reprodução

Para marcar os 50 anos, a distribuidora prepara uma cópia remasterizada em 4K, e cinemas de diferentes países anunciam programações especiais. Além disso, merchandising exclusivo e exposições sobre figurino e trilha sonora integram a agenda comemorativa.

O filme está disponível no catálogo do Disney+ no Brasil, com classificação etária de 14 anos. Tim Curry, Susan Sarandon, Barry Bostwick e o próprio Richard O’Brien protagonizam a produção de origem britânica e norte-americana.

Mesmo considerando o panorama atual “menos progressista” do que gostaria, O’Brien pretende abrir uma garrafa de espumante nesta data redonda. Para ele, a permanência do musical em cartaz reafirma a importância de “manter a bandeira do arco-íris no alto”.

Ficha técnica
Direção: Jim Sharman
Produção: Reino Unido/EUA, 1975
Elenco principal: Tim Curry, Susan Sarandon, Richard O’Brien
Disponível em streaming: Disney+
Classificação indicativa: 14 anos

Com 50 anos de estrada, Rocky Horror Picture Show continua a atrair plateias dispostas a cantar, dançar e desafiar convenções, mantendo vivo um fenômeno que nasceu como entretenimento despretensioso e se tornou referência de liberdade cultural.

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