Ministro do Turismo reage a veto e garante culinária paraense na COP30

O ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou nesta terça-feira (19) que o governo federal não permitirá qualquer forma de preconceito contra a Região Norte após a divulgação de um edital que restringia o uso de ingredientes típicos do Pará no cardápio da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém.

A polêmica começou quando a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) publicou o processo de seleção de fornecedores de alimentos para os espaços oficiais da conferência. A primeira versão do documento classificava produtos como açaí, tucupi, sucos de frutas in natura e maniçoba como itens de “alto risco de contaminação”, proibindo sua oferta nos eventos vinculados ao encontro climático.

Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Sabino considerou o trecho do edital um equívoco já corrigido. Segundo ele, impedir a entrada dos principais ingredientes da culinária paraense na COP30 equivaleria a “convidar pessoas para uma churrascaria e, na hora, anunciar que não haverá churrasco”.

“Houve um equívoco, já reconhecido por quem cometeu esse erro. O edital proibia a entrada de açaí, tucupi e maniçoba, base da nossa gastronomia”, afirmou o ministro. Ele acrescentou que a restrição foi contestada imediatamente pelo governo federal.

A resposta oficial resultou na publicação de uma errata pela OEI, permitindo que todos os alimentos locais constem no cardápio. A correção veio após análise técnica solicitada pelo Ministério do Turismo e aprovação dos organizadores da conferência, que envolvem secretarias estaduais, municipais e o comitê gestado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Sabino alegou que, por trás da discussão sobre comida, há setores que questionam a realização do evento em Belém. Para ele, parte das críticas envolve preconceito contra a Região Norte e contra o povo paraense. “Existe sim uma espécie de preconceito interno dentro da cabeça de muitas pessoas”, disse, acrescentando que a controvérsia acabou ressaltando a qualidade da gastronomia local.

Além de liberar os pratos típicos, a OEI manteve dispositivos que buscam valorizar produtores da sociobiodiversidade amazônica. O edital determina que ao menos 30% dos insumos adquiridos sejam provenientes da agricultura familiar. Na seleção, também terão prioridade cooperativas, associações, grupos produtivos locais e comunidades tradicionais, incluindo povos indígenas, quilombolas, mulheres rurais e juventudes do campo.

Para o Ministério do Turismo, envolver essas cadeias produtivas reforça o compromisso do Brasil com a redução de desigualdades e com a promoção de práticas sustentáveis, alinhadas aos objetivos da conferência. A pasta também tem acompanhado a preparação da rede hoteleira, que deverá disponibilizar cerca de 53 mil leitos, número considerado suficiente para o público estimado do evento.

O debate sobre hospedagem inclui a fiscalização de preços abusivos. De acordo com Sabino, a pasta mantém diálogo com entidades do setor para assegurar tarifas compatíveis com a média histórica da capital paraense. “Temos passado os últimos dias falando de hospedagem e agora da nossa gastronomia”, observou o ministro, ressaltando que a realização da COP30 em Belém representa oportunidade de projetar a cultura amazônica no cenário internacional.

A conferência deve receber chefes de Estado, diplomatas, pesquisadores e integrantes da sociedade civil de quase 200 países. Em evento de grande porte como esse, explica o governo, a presença da culinária regional é estratégica para impulsionar micro e pequenos negócios, além de reforçar a identidade do território amazônico.

A Organização das Nações Unidas prevê que a COP30 seja decisiva para avaliar a implementação do Acordo de Paris, estabelecido em 2015. Os países deverão apresentar metas mais ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa, e o Brasil busca liderar iniciativas de financiamento climático e de preservação florestal.

Na avaliação do Ministério do Turismo, garantir o espaço da culinária paraense no evento contribui para ampliar o enfoque na sociobiodiversidade, elemento essencial dos debates sobre mudanças climáticas. O governo federal seguirá monitorando a execução do edital, desde a escolha dos fornecedores até a logística de entrega dos alimentos, para assegurar que os compromissos com produtores locais e a segurança sanitária sejam cumpridos.

Com a errata publicada, fornecedores interessados em atuar na COP30 terão novo prazo para apresentar propostas. A OEI deverá divulgar um cronograma atualizado nos próximos dias, detalhando fases de habilitação, eventual degustação técnica e assinatura de contratos.

Sabino concluiu que a repercussão do caso reforçou a necessidade de vigilância contra discriminação regional. Segundo ele, a COP30 em Belém será vitrine para mostrar ao mundo o potencial turístico, cultural e gastronômico da Amazônia, sem abrir mão dos sabores que caracterizam o Pará.

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