Prime Video adapta podcast ‘A Mulher da Casa Abandonada’

O podcast de jornalismo investigativo A Mulher da Casa Abandonada, que alcançou mais de 11 milhões de downloads e se tornou o áudio mais ouvido do país, ganhou adaptação para a televisão. A partir de 15 de agosto, a plataforma de streaming Prime Video disponibiliza simultaneamente três episódios de uma série documental que retoma o caso da brasileira acusada pelo FBI de submeter uma empregada doméstica a trabalho análogo à escravidão nos Estados Unidos.

O projeto chega às telas após seis meses de negociações conduzidas por Chico Felitti, autor da obra original produzida pela Folha de S.Paulo. O jornalista avaliou diversas propostas até fechar contrato com a Amazon. Os capítulos ficaram sob a direção de Kátia Lund, codiretora do filme Cidade de Deus e indicada ao Oscar em 2004, reforçando a aposta da empresa em nomes de peso para recontar a história.

O documentário recupera a comoção popular gerada em 2022, quando a mansão degradada localizada em Higienópolis, área nobre de São Paulo, se transformou em ponto de peregrinação para curiosos e atraiu cobertura ao vivo de programas policiais. Na ocasião, houve invasão policial, denúncias de maus-tratos a animais e intervenção da ativista Luisa Mell, que resgatou um cão pinscher mantido na residência. Esses episódios voltam a ser mostrados com imagens de arquivo e relatos inéditos.

O roteiro vai além do material do podcast ao incluir depoimentos de agentes federais norte-americanos que participaram do processo criminal contra René e Margarida Bonetti. O casal levou a empregada Hilda Santos para Washington na década de 1990 e, segundo a acusação, restringiu sua liberdade por mais de vinte anos. Nos Estados Unidos, Margarida fugiu da Justiça e retornou clandestinamente ao Brasil, onde vive na casa que dá título à produção.

Uma das principais novidades da série é a presença de Santos em frente às câmeras. No áudio original, a ex-empregada apareceu apenas por telefone e preferiu não gravar entrevista. A exposição do caso em TVs e portais, no entanto, fez com que ela assistisse às cenas da polícia entrando no casarão e visse a antiga patroa usando roupas desgastadas e o rosto coberto por pomada. O impacto dessas imagens colaborou para que aceitasse narrar sua experiência de forma detalhada.

Lund passou uma semana em contato diário com a vítima nos Estados Unidos antes de gravar o depoimento. O trabalho buscou oferecer tempo e confiança para que Santos relatasse os abusos físicos, psicológicos e as rotinas exaustivas vividas no exterior. O resultado coloca a voz da vítima no centro da narrativa, contrapondo-se à figura de Bonetti, que permanece reclusa e raramente aparece em público.

A produção também visita o passado luxuoso da residência de Higienópolis. Segundo vizinhos entrevistados, a mansão foi cenário de festas sofisticadas nas décadas de 1970 e 1980, mantida por uma equipe numerosa de funcionários. O contraste com o estado atual do imóvel, repleto de lixo e objetos acumulados, evidencia o isolamento de Margarida e reforça o tom sombrio que acompanha a história desde que veio a público.

Elementos jornalísticos empregados no podcast foram preservados na transposição para a TV, como a reconstituição de telefonemas e as tentativas insistentes de Felitti para conseguir falar com a suspeita. O jornalista chegou a permanecer três dias diante do portão da casa até obter uma breve conversa, material que reaparece na série para contextualizar a repercussão nacional do caso.

Série da Prime Video leva ao vídeo A Mulher da Casa Abandonada - Imagem do artigo original

Imagem: Reprodução

Com três episódios, o documentário cobre a investigação policial, a fuga de Bonetti, a situação judicial nos Estados Unidos e o atual cotidiano da protagonista na capital paulista. Além disso, um capítulo extra do podcast, lançado na semana de estreia, informa o paradeiro do pinscher resgatado e encerra a preocupação de ouvintes sobre o animal.

A estreia reflete uma estratégia do Prime Video de adaptar conteúdos de áudio de alto desempenho para atrair assinantes. A expectativa é que o reconhecimento do título A Mulher da Casa Abandonada impulsione a audiência da série, apoiada pela curiosidade do público e pela ênfase em novas informações, principalmente o testemunho da vítima.

Embora o caso tenha originado debates sobre cárcere privado, trabalho forçado e responsabilidade social, a série mantém enfoque documental. A narrativa apresenta cronologia dos fatos, declarações oficiais e registros judiciais, evitando interpretações que ultrapassem as evidências reunidas.

Os três episódios ficam disponíveis na íntegra a partir de 15 de agosto. Não há previsão de novos capítulos, mas a produtora não descarta conteúdos complementares caso surjam desdobramentos judiciais.

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