Sindicalização aumenta e soma 9,1 milhões de trabalhadores em 2024

Rio de Janeiro – A edição especial da Pnad Contínua divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o total de trabalhadores sindicalizados no Brasil subiu para 9,1 milhões em 2024, alta de 812 mil pessoas em relação a 2023. O contingente representa 8,9% dos 101,3 milhões de ocupados e interrompe uma sequência de quedas iniciada em 2012.

Apesar da recuperação, o número permanece 36,8% abaixo do pico registrado em 2012, quando 14,4 milhões de profissionais (16,1% dos ocupados) estavam filiados a sindicatos. A proporção caiu gradualmente até chegar a 8,4% em 2023 e voltou a avançar neste ano.

O analista da pesquisa, William Kratochwill, associa a virada de tendência ao esgotamento do movimento de retração iniciado após a reforma trabalhista de 2017. “Os dados mostram uma correlação forte entre a implementação da lei e a queda da sindicalização”, afirmou. Ele acrescentou que o aumento recente pode indicar uma “reavaliação dos trabalhadores sobre a importância do sindicato”.

Perfil etário

Dos 812 mil novos associados em 2024, 80% têm 30 anos ou mais. Apenas 0,7% pertencem à faixa de 14 a 19 anos, que apresenta a menor taxa de sindicalização do levantamento (1,6%). Entre 20 e 29 anos, o índice chega a 5,1%, ainda distante da média nacional.

Setores com maior representação

Três em cada dez sindicalizados (30,9%) atuam em administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana ou serviços sociais. Em seguida aparecem indústria (16,4%) e atividades de informação, comunicação, financeiras e administrativas (13,3%). Considerando a taxa de filiação dentro de cada grupamento, a liderança também é do setor público (15,5%), à frente de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (14,8%) e indústria geral (11,4%). Construção (3,6%), outros serviços (3,4%) e serviços domésticos (2,6%) registram os menores percentuais.

Escolaridade e tipo de vínculo

Entre trabalhadores com nível superior completo a taxa de sindicalização atinge 14,2%, superando com folga a média de 8,9%. O índice cai para 7,7% entre aqueles com ensino médio completo e superior incompleto e recua a 5,7% nos grupos com fundamental completo e médio incompleto.

Empregados do setor público continuam os mais filiados: 18,9%, mais que o dobro do total do país. Trabalhadores com carteira assinada no setor privado têm taxa de 11,2%. Entre os que atuam por conta própria, 5,1% participam de sindicatos, enquanto ocupados sem carteira de trabalho apresentam apenas 3,8%.

Diferenças de gênero

Desde 2012, a participação feminina entre sindicalizados cresce de forma gradual. Homens representam atualmente 57,6% dos filiados, ante 61,3% do início da série. A taxa de associação ficou praticamente equilibrada: 9,1% para eles e 8,7% para elas, diferença de 0,4 ponto percentual.

Cooperativismo em queda

A pesquisa também destaca a redução no número de empregadores e trabalhadores por conta própria ligados a cooperativas. O total passou de 1,5 milhão em 2012 (6,3% dos ocupados) para 1,3 milhão em 2024, equivalente a 4,3% – o menor patamar da série histórica.

Com o avanço registrado em 2024, o IBGE observa o primeiro aumento na taxa de sindicalização em mais de uma década, mas ressalta que o nível de filiação permanece distante dos resultados observados no início da década passada.

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