
A sinestesia é uma condição neurológica pouco comum na qual a estimulação de um sentido provoca respostas involuntárias em outro. Pessoas sinestésicas podem, por exemplo, associar cores a sons ou perceber sabores ao tocar determinados objetos. Embora já tenha sido relacionada a quadros de neurodesenvolvimento, especialistas destacam que a sinestesia, por si só, não configura um transtorno clínico.
Pesquisas indicam que essa forma distinta de processar estímulos sensoriais traz vantagens para a memória. A combinação atípica de sentidos cria múltiplas rotas de associação mental, o que favorece a fixação e a recuperação de informações. Por isso, o processo de aprendizagem de idiomas tende a ser mais ágil entre sinestésicos, segundo diversos estudos mencionados em literatura científica.
Na prática, quem vive com sinestesia costuma vincular palavras estrangeiras a cores, formas ou até texturas, criando um repertório sensorial que serve como ponte de lembrança. Esse mecanismo reduz o esforço necessário para guardar vocabulário, regras gramaticais e pronúncia, aspectos que geralmente demandam repetição para quem não possui a condição.
Outro benefício observado é a maior resistência ao esquecimento. Como os termos aprendidos são associados a experiências sensoriais intensas, eles permanecem mais tempo acessíveis na memória de longo prazo. Isso contribui para que sinestésicos alcancem fluência com menos exposição ao idioma em comparação à média da população.
Ainda que a sinestesia continue a ser tema de investigação, as evidências atuais apontam que sua interação singular entre os sentidos funciona como recurso natural de reforço cognitivo, sobretudo na aquisição de novas línguas.

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