
Os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do Partido Liberal (PL) do Rio de Janeiro, utilizaram mais de R$ 742 mil de cotas parlamentares para aluguéis de veículos entre janeiro de 2023 e dezembro de 2025. A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação nesta sexta-feira (19) com foco em contratos suspeitos com locadoras de automóveis que envolvem os dois políticos.
Dados Financeiros
As informações sobre os gastos estão disponíveis no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. Carlos Jordy, durante o mesmo período, gastou mais de R$ 1,27 milhão em cotas parlamentares, sendo R$ 328 mil destinados a locação de veículos, o que representa cerca de 25% do total.
Sóstenes Cavalcante, por sua vez, utilizou mais de R$ 1,42 milhão da verba, com R$ 414.337,27 gastos em aluguéis de carros, o que equivale a quase 30% do total. Em comparação, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), gastou R$ 257.719,22 com o mesmo tipo de despesa, enquanto o deputado Glauber Braga (PSOL) desembolsou apenas R$ 22 mil.
Investigações e Suspeitas
As investigações indicam que Sóstenes e Jordy podem ter utilizado verbas de gabinete para pagar empresas de fachada, como a Harue Locação de Veículos, que é gerida por assessores dos deputados. A Harue, segundo os investigadores, possui apenas cinco veículos, o que é considerado atípico para uma locadora no estado do Rio de Janeiro, e não opera no endereço registrado, sugerindo irregularidades.
No caso de Sóstenes, há indícios de que um carro alugado estaria sendo utilizado por sua filha, o que configuraria o uso indevido de recursos públicos para fins pessoais.
Sobre as Cotas Parlamentares
As cotas parlamentares, oficialmente conhecidas como Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), são uma verba mensal destinada a cobrir despesas relacionadas ao mandato de deputados federais. Criada em 2009, a CEAP unificou diversas verbas indenizatórias e é utilizada para custear gastos típicos da atividade parlamentar, como passagens aéreas e aluguéis de veículos.
O valor da cota varia de acordo com o estado do deputado. No Rio de Janeiro, o montante mensal é de R$ 41.553,77, enquanto o maior valor é para parlamentares de Roraima (R$ 51.406,33) e o menor para o Distrito Federal (R$ 36.582,46). Os deputados podem optar por reembolso ou débito direto para despesas, e têm até 90 dias para apresentar notas fiscais para reembolso.
Reações dos Deputados
Em nota, Carlos Jordy negou qualquer irregularidade e afirmou que a responsabilidade de fiscalizar a frota da empresa contratada não é do parlamentar, mas sim a de contratar serviços eficientes. Ele também mencionou que as ações da PF representam uma tentativa de intimidação política. Sóstenes Cavalcante ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Jordy destacou que os endereços ligados a ele e a Sóstenes foram alvo de buscas autorizadas pelo ministro Flávio Dino, e que as investigações são um desdobramento de ações anteriores. Ele questionou a necessidade de novas diligências, considerando que a empresa contratada é cliente desde 2019 e que não foram encontradas irregularidades em investigações anteriores.
O deputado finalizou afirmando que continuará sua atuação na oposição e na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, e que não se deixará intimidar por essas ações.

Faça um comentário