Rio inicia telemetria para motociclistas de app e reforça segurança

O Rio de Janeiro será a primeira cidade brasileira a adotar telemetria para motociclistas que prestam serviço a aplicativos. A 99 informou que, no último trimestre de 2025, os condutores cadastrados no 99Moto receberão um Relatório de Direção com indicadores de desempenho, baseado no monitoramento eletrônico de cada viagem.

A ferramenta nasce de um acordo firmado em maio entre a empresa e a Prefeitura do Rio. Pelos termos da parceria, dados anonimizados serão repassados à Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio), respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados. A iniciativa busca apoiar o planejamento urbano diante do crescimento da frota de motocicletas, que saltou de 305 mil em dezembro de 2018 para 462 mil em agosto de 2025, segundo a Senatran.

Utilizando sensores dos smartphones e algoritmos desenvolvidos em cooperação com o Instituto Mauá de Tecnologia, o sistema detectará freadas bruscas, curvas acentuadas, excesso de velocidade e outras condutas de risco. Cada condutor receberá uma pontuação; reincidências podem levar ao bloqueio temporário da conta. “O objetivo principal é educar o motociclista, não puni-lo”, declarou o diretor de negócios da 99, Leandro Abecassis.

O recurso replica solução já adotada há cinco anos pela DiDi Chuxing, controladora chinesa da 99. No Brasil, ele complementa o controle de velocidade via GPS, hoje dependente de denúncias dos passageiros para flagrar infrações diferentes de limite de velocidade.

A Prefeitura procura reduzir a quantidade de sinistros que pressionam o sistema de saúde. Entre janeiro e junho de 2025, hospitais municipais atenderam 14.497 vítimas de acidentes envolvendo motos. Estudo do Instituto Cordial mostra que, a cada 1 milhão de viagens realizadas pelo 99Moto no Rio, houve nove ocorrências leves e menos de uma grave ou fatal, índices inferiores à média nacional para sinistros graves, que é de três por milhão.

Para Luis Fernando Villaça, diretor de operações do Instituto Cordial, o monitoramento de motociclistas “faz com que o profissional seja menos imprudente do que quem usa a moto para deslocamentos pessoais ou trabalha sem qualquer supervisão”. Ele observa que o excesso de velocidade continua sendo o fator de risco mais crítico.

A discussão sobre limites de velocidade ganhou força após a prefeitura recuar, em maio, da proposta de restringir motos a 60 km/h. O diretor de engenharia de tráfego da CET-Rio, André Drummond, defende a padronização dos limites e ampliações das faixas exclusivas para motos e pontos de apoio a entregadores.

Na área da saúde, o ortopedista Marcos Musafir lembra que, mesmo em colisões consideradas leves, podem surgir lesões de difícil diagnóstico imediato, exigindo acompanhamento prolongado. A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia planeja, em 2025, a campanha “Na Moto, Na Moral – não mate, não morra” para alertar sobre a gravidade dos acidentes.

A implementação da telemetria para motociclistas no Rio de Janeiro abre caminho para que outras capitais adotem tecnologias de monitoramento voltadas a reduzir acidentes e melhorar a segurança viária em um cenário de frota crescente e diversificação dos serviços de mobilidade.

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