
Um relatório divulgado pela revista Scientific American aponta que um paciente com HIV/AIDS foi considerado livre do vírus após receber um transplante de células-tronco. O procedimento, de alta complexidade e risco elevado, volta a destacar a possibilidade de uma cura do HIV por meio de intervenções que vão além da terapia antirretroviral convencional.
De acordo com o documento, este não é o primeiro registro de sucesso. Outros casos semelhantes já foram relatados nos últimos anos, todos envolvendo a substituição de células do sistema imunológico por material genético resistente ao HIV. Apesar de animadoras, as experiências ainda estão restritas a situações muito específicas, normalmente associadas a pacientes que também tratavam doenças hematológicas graves e, por isso, já necessitavam do transplante.
Como funciona o transplante
O método consiste em eliminar as células sanguíneas doente do paciente e, em seguida, infundir células-tronco de um doador com uma mutação rara conhecida como CCR5-Δ32. Essa alteração impede a entrada do vírus HIV nas novas células imunológicas, criando um organismo teoricamente protegido da infecção. A abordagem exige compatibilidade genética rigorosa, uso intensivo de quimioterapia ou radioterapia e monitoramento constante, fatores que elevam o risco e limitam a aplicação em larga escala.
Quatro décadas de avanços
Desde a identificação do vírus, no início da década de 1980, a ciência avançou significativamente no controle da AIDS. Os medicamentos antirretrovirais transformaram a infecção em condição crônica, mas não eliminam os reservatórios virais. Os transplantes bem-sucedidos demonstram que a cura do HIV é biologicamente possível, porém ainda longe de se tornar um tratamento de rotina.
Especialistas ressaltam que o objetivo imediato das pesquisas é encontrar terapias menos invasivas que reproduzam o efeito do transplante. Estratégias como edição genética de células do próprio paciente, vacinas terapêuticas e anticorpos de ação prolongada estão em fases clínicas distintas, na tentativa de oferecer solução definitiva a um contexto que permanece desafiador há mais de 40 anos.

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