
O traumatismo craniano leve (TCL) está por trás de quedas domésticas, colisões de baixa velocidade, esportes recreativos e até de batidas aparentemente inocentes na cabeça. Embora, na maioria dos casos, a vítima não perca a consciência nem apresente sinais imediatos de gravidade, o cérebro pode sofrer microlesões que só se manifestam horas ou dias depois do choque.
Sintomas tardios que merecem atenção
Dor de cabeça persistente, tontura, visão embaçada, dificuldade de concentração, irritabilidade, problemas de memória, sensibilidade à luz ou ao som e sensação de lentidão no pensamento são alguns dos alertas típicos. Esse conjunto de manifestações é conhecido como síndrome da concussão e indica a necessidade de avaliação por neurocirurgião ou neurologista para descartar lesões profundas.
Crianças e idosos formam o grupo mais vulnerável, pois pequenos sangramentos intracranianos podem se desenvolver de maneira silenciosa, sem sinais externos nas primeiras horas.
Impacto na rotina e na qualidade de vida
Mesmo quando exames iniciais apontam normalidade, o traumatismo craniano leve pode comprometer atividades corriqueiras. Muitos pacientes relatam cansaço mental, queda de produtividade, maior irritabilidade e dificuldades no desempenho escolar ou profissional. Distúrbios de sono e ansiedade também são frequentes.
Nesse período, o cérebro permanece metabolicamente fragilizado: uma nova pancada, ainda que leve, aumenta o risco de danos graves e de evolução para a chamada síndrome pós-concussional, quadro que pode persistir por meses.
Conduta imediata e tratamento
Após qualquer impacto na cabeça, a recomendação é observar o paciente entre 24 e 48 horas. Sonolência excessiva, vômitos repetidos, piora da dor, desorientação ou fala arrastada exigem atendimento de urgência. “Qualquer pessoa que apresente esses sinais deve ser avaliada imediatamente”, orienta o neurocirurgião Prof. Dr. Baltazar Leão.
O manejo inicial inclui repouso físico e cognitivo: limitar uso de telas, evitar esforço mental prolongado e priorizar o sono. Dependendo do quadro, o especialista pode solicitar exames de imagem ou indicar fisioterapia vestibular e reabilitação cognitiva. “Nos primeiros dias, o repouso cognitivo é tão importante quanto o físico”, acrescenta Leão.
Medidas preventivas
Capacete em atividades de risco, atenção redobrada ao dirigir, adequação de ambientes para reduzir quedas em idosos e respeito aos protocolos de retorno gradual em esportes de contato figuram entre as principais estratégias para evitar novos episódios de traumatismo craniano leve.
Reconhecer sintomas tardios, buscar avaliação especializada e cumprir o tempo de recuperação indicado são passos essenciais para preservar as funções cerebrais e a qualidade de vida de quem sofre uma pancada na cabeça.

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