Três em cada dez lares brasileiros seguem sem esgoto na rede geral

Dos aproximadamente 77 milhões de domicílios existentes no Brasil em 2024, 29,5% não possuíam conexão do banheiro à rede geral de esgotamento, mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada na última sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual equivale a três em cada dez residências e, embora represente leve melhora em relação aos 32% observados em 2019, indica que o acesso ao serviço ainda está longe de ser universal.

Segundo a pesquisa, 70,4% dos lares brasileiros contam com algum tipo de ligação à rede coletora — seja conexão direta ou por meio de fossa séptica integrada à tubulação pública. Dentro desse grupo, 63,9% estão ligados diretamente à rede ou a emissário fluvial, enquanto 6,5% utilizam fossa séptica conectada.

Outras modalidades de destinação incluem fossa séptica não ligada à rede (15,1%) e sistemas classificados como “outro tipo” — categoria que engloba fossas rudimentares, valas ou despejo em cursos d’água — responsável por 14,4% dos domicílios. O levantamento do IBGE não mede se o esgoto recolhido recebe ou não tratamento. Estudo separado do Instituto Trata Brasil, divulgado no último dia 19, indica que somente 51,8% do volume produzido no país passa por tratamento adequado.

Desigualdade regional

As disparidades regionais permanecem acentuadas. O Sudeste apresenta a melhor cobertura, com 90,2% dos domicílios ligados à rede geral, seguido por Sul (70,2%) e Centro-Oeste (63,8%). No Nordeste, a proporção cai para 51,1%, enquanto o Norte registra o pior resultado, 31,2%. Nesta última região, o uso de soluções classificadas como “outro tipo” chega a 36,4%, mais que o dobro da média nacional.

Analisadas as unidades da federação, São Paulo lidera, com 94,1% das residências conectadas, seguido por Distrito Federal (91,1%), Rio de Janeiro (89,2%) e Minas Gerais (84,6%). Na outra ponta estão Piauí (13,5%), Amapá (17,8%), Rondônia (18,1%) e Pará (19,3%).

A pesquisa também compara ambientes urbano e rural. Nas cidades, 78,1% dos lares dispõem de ligação à rede. No campo, esse índice despenca para 9,4%.

Abastecimento de água

No quesito água, 86,3% dos domicílios utilizam a rede pública como principal forma de suprimento. O Sudeste detém o maior índice (92,5%), seguido por Centro-Oeste (90%) e Sul (89%). Nordeste (80,6%) e Norte (61,7%) apresentam os menores percentuais. Rondônia é o único estado onde menos da metade dos lares (47,4%) depende da rede geral.

Quando se considera a disponibilidade diária, 88,4% dos domicílios conectados recebem água todos os dias. O Distrito Federal apresenta o melhor resultado (98,2%), enquanto Pernambuco (44,3%) e Acre (48,5%) têm menos da metade dos lares com abastecimento contínuo.

Coleta de lixo e características das moradias

O serviço de coleta de lixo está presente em 86,9% das residências brasileiras. Entretanto, a prática de queimar resíduos ainda atinge 14,4% dos domicílios no Norte e 13,1% no Nordeste, mais que o dobro da média nacional (6,1%).

No aspecto estrutural, 89,3% das habitações do país possuem paredes de alvenaria com revestimento. No Norte, a proporção passou de 61,5% em 2016 para 71,2% em 2024. Quanto ao piso, lares da região que contam com cerâmica ou pedra avançaram de 58,2% para 69,3% no mesmo período; no Brasil, o índice é 82,3%.

Para o IBGE, os dados reforçam a necessidade de ampliar investimentos em saneamento básico, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, a fim de reduzir desigualdades e garantir serviços essenciais à população.

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