Trump ameaça cassar licenças de emissoras que criticam o governo

Washington, 18 set. 2025 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que emissoras de rádio e televisão que, segundo ele, “apenas o criticam” podem ter suas licenças de funcionamento revistas pela Comissão Federal de Comunicações (FCC). O comentário foi feito a jornalistas enquanto deixava o Reino Unido rumo à capital norte-americana.

“Eles só me dão publicidade negativa; talvez devêssemos retirar a licença”, afirmou Trump, referindo-se a redes de alcance nacional. O presidente disse que a decisão caberá ao chefe da FCC, Brendan Carr, descrito por ele como “patriota” e “forte”.

A ameaça ocorre em meio a um aumento da pressão oficial contra críticos do governo, motivado pelo assassinato do ativista de extrema-direita e aliado de Trump, Charlie Kirk, numa universidade de Utah. O atirador, Tyler Robinson, vem sendo alvo de disputas sobre motivações políticas, enquanto apoiadores do movimento Make America Great Again (MAGA) tentam afastar qualquer vinculação.

Após críticas do presidente, a rede ABC, pertencente à Disney, suspendeu por tempo indeterminado o programa do apresentador Jimmy Kimmel, voz frequente de oposição a Trump. Kimmel comentara o caso Kirk e ironizara o MAGA. Brendan Carr enviou comunicado às afiliadas da ABC sugerindo “consequências” e declarou que o impasse poderia ser resolvido “da maneira fácil ou da maneira difícil”.

Organizações de defesa da liberdade de expressão e parlamentares democratas classificaram as ações como censura. A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) lembrou que, dois dias antes, o governo abriu processo contra o New York Times, a editora Penguin Random House e quatro repórteres do jornal por matérias consideradas desfavoráveis. “Autoridades de Trump estão abusando repetidamente do poder para barrar ideias que não gostam, decidindo quem pode falar, escrever e até fazer piadas”, criticou Christopher Anders, diretor de Democracia e Tecnologia da ACLU.

Ao comentar a suspensão, Trump declarou que Kimmel “não tem talento” e merecia ter sido afastado “há muito tempo”, minimizando acusações de violação à Primeira Emenda.

No exterior, a Casa Branca adotou postura inversa. Sob o argumento de proteger a liberdade de expressão no Brasil, o governo norte-americano aplicou tarifa extra de 50% sobre parte das exportações brasileiras, sancionou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e voltou a cogitar “uso de força” para, segundo Washington, garantir direitos de oposicionistas no país.

A medida insere-se em críticas de Trump ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e associação criminosa. Investigações brasileiras apontaram planos para anular a eleição de 2022 e, entre outras ações, matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o próprio ministro Moraes.

Analistas observam que a tensão interna nos EUA e a política externa voltada ao Brasil colocam o discurso do presidente à prova, sobretudo quanto ao compromisso declarado com a liberdade de expressão.

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