Washington — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (2) que o recente telefonema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi “excelente” e que vê “muita coisa boa” surgindo da aproximação entre os dois governos. A declaração foi feita a repórteres na Casa Branca, um dia depois da conversa, que durou cerca de 40 minutos.
Segundo Trump, o diálogo abordou comércio bilateral e as tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros. “Falamos sobre comércio. Falamos sobre sanções”, resumiu o norte-americano, em referência às medidas impostas por Washington ao Judiciário brasileiro durante o processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em publicação nas redes sociais, Trump reforçou o tom otimista: “Ansioso para encontrar Lula em breve”.
Do lado brasileiro, o Palácio do Planalto informou que Lula pediu celeridade para retirar a sobretaxa de 40% que ainda incide sobre parte das exportações nacionais. A Presidência ressaltou que o chefe de Estado considerou “muito positiva” a exclusão, em 20 de novembro, de 238 itens da lista tarifária — entre eles café, cacau, frutas tropicais, sucos e carne bovina —, mas destacou a necessidade de avançar em outros setores.
Com a redução parcial, 22% das vendas brasileiras aos EUA permanecem submetidas à sobretaxa; no início das medidas, o percentual era de 36%. O governo brasileiro avalia que produtos industriais de maior valor agregado continuam sendo o principal foco de preocupação, por terem menor capacidade de deslocar exportações para outros mercados.
A tarifa extra de 40% entrou em vigor em 6 de agosto, como reação de Washington a decisões que, segundo a Casa Branca, atingiram empresas de tecnologia norte-americanas e após a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe. O chamado “tarifaço” faz parte da estratégia anunciada por Trump em 2018, que eleva barreiras de acordo com o balanço comercial de cada parceiro.
Representantes dos dois países mantêm negociações para ampliar a lista de produtos isentos e tratar de temas não tarifários, como terras raras, atuação de big techs, energia renovável e o regime fiscal aplicado a data centers no Brasil. De acordo com fontes diplomáticas, a expectativa é que novos anúncios ocorram antes do próximo encontro presencial entre os presidentes, ainda sem data definida.
Além do comércio, Trump e Lula discutiram cooperação no combate ao crime organizado. “Foi uma conversa produtiva”, disse um assessor brasileiro, que não quis ser identificado.
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