
O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou, na quinta-feira (30), a criação de cotas que destinam 2% das vagas de todos os cursos de graduação a candidatos transexuais. A nova política de ação afirmativa valerá já para o próximo processo seletivo via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), possibilitando o ingresso dos primeiros estudantes contemplados a partir de 2026.
A resolução foi aprovada por 31 votos favoráveis e uma abstenção. Segundo a administração da universidade, a medida busca reduzir barreiras de acesso enfrentadas por pessoas trans no ensino superior. “As cotas representam um mecanismo de justiça social e reparação diante de um contexto histórico de exclusão”, declarou o reitor Roberto Medronho durante a sessão.
A proposta vinha sendo discutida desde outubro de 2024, coordenada pela Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada). Em nota, a UFRJ afirmou que o trabalho conjunto de diferentes instâncias acadêmicas visou “promover o acesso à educação superior dessa comunidade e reparar desigualdades estruturais”.
Com a decisão, a UFRJ junta-se a outras instituições públicas que já adotam cotas para pessoas trans, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Especialistas avaliam que a ampliação desse tipo de reserva de vagas tem se consolidado como tendência nas políticas de inclusão em universidades brasileiras.
Em junho, o Center for World University Rankings (CWUR) classificou a UFRJ como a segunda melhor instituição de ensino superior do país, atrás apenas da Universidade de São Paulo (USP). Para a gestão universitária, a adoção de cotas para pessoas trans reforça o compromisso com diversidade e equidade sem comprometer o desempenho acadêmico.
A aplicação prática do novo sistema será detalhada em edital específico do Sisu. A universidade informou que os procedimentos de seleção e verificação da identidade de gênero dos candidatos seguirão critérios técnicos definidos pela comissão de ações afirmativas, garantindo transparência e segurança jurídica ao processo.

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