
O recurso a anabolizantes para acelerar o ganho de massa muscular voltou a preocupar especialistas. Estudos publicados em periódicos como Circulation e Stroke indicam que doses acima do nível fisiológico, mesmo sob acompanhamento médico, elevam significativamente o risco de trombose, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto.
Como os esteroides afetam o organismo
Derivados sintéticos da testosterona, os esteroides anabolizantes estimulam a produção de glóbulos vermelhos, aumentando o hematócrito e a viscosidade sanguínea. O sangue torna-se mais espesso e propenso à formação de coágulos. Paralelamente, há alta do colesterol LDL e queda do HDL, combinação que acelera o acúmulo de placas de gordura nas artérias.
As substâncias ainda lesionam o endotélio, camada interna dos vasos responsável por regular o fluxo e a coagulação, além de elevar a pressão arterial e provocar espessamento do músculo cardíaco. “Qualquer dose cronicamente acima do fisiológico compromete a circulação e sobrecarrega o coração”, alerta o neurologista Diego Bandeira.
Risco independe da supervisão
Muitos usuários acreditam que exames frequentes evitam complicações. No entanto, pesquisas mostram que alterações ocorrem em nível celular e podem passar despercebidas em testes de rotina. Mesmo perfis laboratoriais aparentemente normais não eliminam a possibilidade de espessamento sanguíneo, inflamação vascular e arritmias.
Casos em jovens saudáveis
Relatos na literatura descrevem homens entre 20 e 40 anos, sem doenças prévias, que sofreram AVC isquêmico após ciclos de testosterona, trembolona ou oxandrolona. Muitos apresentavam hematócrito acima de 55% e HDL muito baixo — fatores suficientes para interromper o fluxo cerebral repentinamente. “O evento costuma ocorrer de forma súbita, com fraqueza em um lado do corpo, fala arrastada ou perda de visão”, destaca Bandeira.
Reversão parcial e prevenção
Interromper o uso pode normalizar parte dos exames em semanas, mas sequelas decorrentes de um AVC ou infarto costumam ser permanentes. Déficits motores, dificuldade de fala e fadiga são frequentes mesmo entre sobreviventes jovens.
Para ganhar força e definição de forma segura, especialistas recomendam treinos planejados, alimentação adequada, sono regular e avaliação médica quando há suspeita de deficiência hormonal. Nenhuma alternativa inclui o uso prolongado de hormônios em doses tóxicas.
Sinais de alerta de AVC
Fraqueza ou dormência em um lado do corpo, dificuldade para falar, perda súbita de visão, tontura intensa ou dor de cabeça abrupta exigem atendimento de emergência imediato. No AVC, cada minuto sem tratamento aumenta o risco de sequelas permanentes.

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