
Vídeos de adultos usando chupeta vêm se multiplicando nas redes sociais desde o início de 2025, impulsionando uma tendência que associa o objeto infantil ao alívio de sintomas de ansiedade. Os registros mostram homens e mulheres recomendando o uso diário do acessório como recurso para substituir o tabagismo, reduzir episódios de compulsão alimentar ou, simplesmente, acalmar-se em momentos de estresse.
A discussão ganhou força em 20 de agosto de 2025, quando diversos influenciadores publicaram depoimentos sobre os efeitos da prática. Segundo profissionais de saúde mental, porém, a presença do item no cotidiano adulto não é novidade. “O fenômeno evidencia como mantemos traços de satisfação infantil mesmo na vida adulta”, observou a psicóloga Nathália Souza Martins de Oliveira.
Casos clínicos descritos ao longo das últimas décadas relatam o uso de naninhas, panos, bonecos e chupetas por pessoas que, constrangidas, recorrem a esses objetos de forma discreta. Nessas situações, o hábito pode decorrer de uma fixação ligada à fase oral do desenvolvimento, marcada por experiências de cuidado e proteção recebidas nos primeiros meses de vida.
De acordo com especialistas, a cultura exerce influência decisiva sobre essa modalidade de satisfação. Há registros de manifestações orais que vão de transtornos alimentares — anorexia, bulimia e compulsão — até dependência de álcool e tabaco. O uso de chupeta aparece, nesse contexto, como uma via adicional de regulação emocional.
No âmbito das redes sociais, o tema tende a ser apresentado como escolha consciente, voltada ao controle da ansiedade ou à busca de pertencimento a determinado grupo. “Nem sempre estamos diante de um quadro patológico; muitas vezes é apenas a seleção de um recurso acessível para lidar com o desconforto”, explicou Oliveira.
Profissionais de saúde alertam que, apesar de não haver contraindicação direta, o hábito prolongado pode provocar alterações na arcada dentária ou na articulação temporomandibular. Recomenda-se avaliação odontológica e acompanhamento psicológico quando o uso se torna frequente ou compulsivo.
O debate reflete, em última instância, a tensão entre normas sociais e necessidades individuais de conforto. Enquanto alguns usuários relatam benefícios palpáveis, parte do público reage com estranhamento, associando o acessório a comportamentos infantilizados. O resultado é uma discussão que combina questões de identidade, saúde mental e pressão cultural, transformando a chupeta em símbolo de uma forma contemporânea de lidar com a ansiedade.

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