Estudo aponta uso massivo de IA na educação e cobra regulação

O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), divulgou nesta terça-feira (25) o estudo qualitativo “Inteligência Artificial na Educação: usos, oportunidades e riscos no cenário brasileiro”. A pesquisa ouviu alunos e professores do ensino médio de escolas públicas e privadas das capitais de São Paulo e Pernambuco entre junho e agosto de 2025 e revela adoção intensa e pouco orientada de ferramentas de inteligência artificial (IA) no ambiente escolar.

Levantamento anterior do próprio Cetic.br, o TIC Educação, já indicava que 70% dos estudantes do ensino médio — cerca de 5,2 milhões de pessoas — e 58% dos docentes utilizavam recursos de IA generativa em atividades escolares. O novo estudo aprofunda esses números, evidenciando que o uso ocorre “para tudo”, de pesquisas simples a apoio emocional, sem qualquer mediação institucional.

Segundo a coordenadora da pesquisa, Graziela Castello, tanto estudantes quanto professores “querem saber como usar de maneira ética e segura”, mas ainda carecem de protocolos claros. O relatório recomenda acelerar a elaboração de regimentos e políticas de segurança, além de oferecer capacitação em larga escala para a comunidade escolar.

Entre os riscos apontados pelos alunos estão o receio de perder habilidades de escrita, criatividade e identidade própria. Muitos relatam medo de “desaprender” ao delegar tarefas à IA. Já os docentes enxergam potencial para personalizar atividades e reduzir trabalhos repetitivos, porém se preocupam com a queda na qualidade das redações e com a dependência emocional observada entre os jovens.

As desigualdades de acesso também aparecem como obstáculo. Estudantes de escolas privadas, com computadores em casa e versões pagas de aplicativos, conseguem explorar melhor as ferramentas. Nas redes públicas, o uso restrito ao celular limita as possibilidades e amplia disparidades já existentes em infraestrutura digital.

Para o Cetic.br, o primeiro passo rumo a um uso responsável da IA na educação passa pelo letramento digital. É preciso explicar como os sistemas são construídos, quem detém os dados e se as bases de conhecimento refletem o contexto brasileiro. “A tecnologia entrou com muita velocidade; teremos de ‘trocar a roda do carro com ele andando’”, afirmou Graziela.

O estudo destaca ainda a necessidade de desenvolver pensamento crítico, permitindo que alunos verifiquem informações, identifiquem vieses e corrijam erros factuais produzidos pelos modelos. Sem diretrizes claras, alertam os pesquisadores, cresce o risco de reprodução de preconceitos e de dependência excessiva das respostas automatizadas.

A pesquisa foi apresentada durante o seminário INOVA IA 2025, no Rio de Janeiro, que reuniu especialistas para discutir caminhos de regulação e formação continuada. O Cetic.br reforça que a combinação de políticas públicas, capacitação docente e infraestrutura adequada será decisiva para garantir que o uso da IA na educação brasileira ocorra de forma segura, inclusiva e produtiva.

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