Vacina de dose única do Butantan promete ampliar combate à dengue

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quarta-feira (26) o registro da Butantan-DV, primeira vacina contra a dengue em dose única do mundo, desenvolvida pelo Instituto Butantan. O imunizante está autorizado para pessoas de 12 a 59 anos e deverá ser incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) a partir do início de 2026, segundo o Ministério da Saúde.

O Instituto Butantan informou que já dispõe de 1 milhão de doses prontas para distribuição imediata e projeta disponibilizar mais de 30 milhões de unidades até meados de 2026. Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, o impacto pode ultrapassar as fronteiras nacionais. “A dengue está em expansão global, principalmente em áreas tropicais; uma vacina eficaz interessa a diversos países”, afirmou.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil registrou 6,5 milhões de casos prováveis da doença em 2024, quatro vezes o total do ano anterior. Entre janeiro e meados de novembro de 2025, foram notificados mais 1,6 milhão de casos. Desde 2000, mais de 20 milhões de brasileiros tiveram dengue.

O aumento está relacionado à maior circulação do mosquito Aedes aegypti, favorecida por mudanças climáticas, períodos de chuvas irregulares e temperaturas mais altas. Esses fatores, destaca Kfouri, reforçam a necessidade de ferramentas preventivas como a nova vacina contra a dengue.

A aprovação da Butantan-DV baseia-se em cinco anos de acompanhamento do ensaio clínico de fase 3. Entre voluntários de 12 a 59 anos, a eficácia global foi de 74,7%; contra formas graves e com sinais de alarme, 91,6%; e contra hospitalizações, 100%. O imunizante contém os quatro sorotipos do vírus e demonstrou segurança tanto em pessoas que já tiveram dengue quanto naquelas sem infecção prévia.

Para o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, o resultado representa “um feito histórico para a ciência brasileira” e oferece uma “arma poderosa” no enfrentamento da doença.

A previsão do governo federal é acelerar os trâmites para incluir o produto no calendário vacinal, possibilitando que estados e municípios iniciem campanhas de imunização logo que a produção em larga escala estiver disponível. O Butantan não descarta exportar doses, caso haja demanda de outras nações.

Com a nova vacina de dose única, especialistas veem perspectiva de ampliar a cobertura vacinal, reduzir internações e contribuir para o controle da dengue em cenários de alta transmissão dentro e fora do Brasil.

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