
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (18) que não autorizará a privatização dos Correios, mas admitiu a possibilidade de aproximar a estatal de empresas privadas para novos negócios.
“Enquanto for presidente, não tem privatização”, declarou Lula ao comentar a crise financeira da companhia. “O que pode ter é construção de parcerias com empresas”. Segundo o chefe do Executivo, grupos italianos já manifestaram interesse em negociar projetos conjuntos com a empresa pública.
A cúpula dos Correios discute diferentes formatos de cooperação. Entre as alternativas analisadas estão a criação de joint-ventures para áreas específicas e a transformação da companhia em sociedade de economia mista, com abertura de capital e manutenção do controle acionário da União, modelo similar ao de Petrobras e Banco do Brasil.
Os estudos ganham força após a reversão do resultado financeiro. Entre 2017 e 2021, impulsionados pelo avanço do comércio eletrônico na pandemia, os Correios registraram lucro. A partir de 2022, porém, voltou o cenário de prejuízos, agravado pela chamada “taxa das blusinhas” — cobrança de impostos sobre encomendas internacionais de até US$ 50 —, pelo aumento de despesas operacionais e pelo crescimento de ações judiciais que pressionam o caixa.
Para enfrentar o desequilíbrio, um consórcio de cinco bancos — dois deles controlados pelo governo — apresentou na semana passada proposta de empréstimo de R$ 12 bilhões, vinculado ao plano de reestruturação da estatal. A operação terá custo limitado a 120% do CDI, patamar que permite a concessão de garantia soberana. Caso haja inadimplência, o Tesouro Nacional cobre os pagamentos, reduzindo o risco para as instituições financeiras.
O governo definiu esta sexta-feira (19) como data-limite para fechar o financiamento, a fim de assegurar recursos para o 13º salário dos cerca de 90 mil empregados. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, um aporte direto do Orçamento não é viável tecnicamente neste momento, o que torna o crédito a solução imediata.
Representantes da estatal ressaltam que a busca por parcerias privadas não significa perda de controle público. “Queremos modernizar serviços e ampliar fontes de receita, preservando o papel social dos Correios”, disse um executivo envolvido nas negociações.

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