
A rinite alérgica alcança entre 25% e 30% da população mundial e, quando não recebe atenção adequada, aumenta a frequência de infecções respiratórias, interfere no sono e pode favorecer outras doenças, como otite, conjuntivite alérgica e asma. Especialistas alertam que o primeiro passo para evitar complicações é compreender os fatores que desencadeiam as crises e adotar medidas preventivas consistentes.
O que caracteriza a rinite alérgica
A rinite é uma inflamação da mucosa que reveste as narinas e os seios da face. Na forma alérgica, o organismo reage a proteínas presentes no ar — principalmente ácaros de poeira doméstica, fungos e pólens — liberando substâncias que provocam coceira, coriza, espirros em sequência e obstrução nasal. As manifestações costumam durar mais de uma hora por dia, vários dias por semana, e podem vir acompanhadas de sinusite.
Tipos, sintomas e gatilhos mais comuns
Existem rinite infecciosa, não alérgica, mista e a variante alérgica. Os sinais predominantes são coceira em nariz e garganta, espirros repetidos ao despertar, diminuição do olfato e piora em ambientes empoeirados ou após contato com produtos de limpeza perfumados. Bebidas muito geladas podem agravar a obstrução, enquanto alimentos quentes às vezes intensificam a coriza.
Segundo a alergista Natasha Rebouças Ferraroni, “a higienização do ambiente corresponde a um terço do tratamento”. Ácaros e poeira são os principais alvos, mas contagens diárias de pólen, quando disponíveis, também ajudam pacientes a se programar para reduzir a exposição.
Diagnóstico baseado em história clínica e exame físico
A avaliação começa no consultório, onde o médico diferencia a rinite alérgica de infecções virais ou de formas não alérgicas, como a hormonal ou ocupacional. Entender a frequência das crises, os horários de piora e os ambientes associados orienta a estratégia de controle. Exames complementares podem ser solicitados conforme a necessidade.
Medidas de prevenção dentro de casa
A redução de alérgenos domésticos é considerada pilar do tratamento. As recomendações incluem:
- Evitar vassouras ou espanadores; limpar a casa enquanto o paciente está ausente;
- Usar ar-condicionado com filtro limpo e manutenção regular;
- Retirar excesso de tecidos, revistas e objetos que acumulem pó do quarto;
- Lavar brinquedos de pelúcia em água a 60 °C e usar revezamento;
- Trocar roupa de cama duas vezes por semana, lavando-a em temperatura alta;
- Optar por edredom em vez de cobertor de lã e dispensar amaciantes perfumados;
- Tomar banhos mornos, não dormir com cabelos molhados e escolher desodorante roll-on.
Após atividades em piscina com cloro, a lavagem nasal com soro fisiológico ajuda a remover irritantes. Máscaras também podem aquecer e umidificar o ar inspirado, reduzindo a carga de partículas inaladas.
Terapias farmacológicas e imunoterapia
Os anti-histamínicos aliviam rapidamente coceira, espirros e congestão, porém não mudam o curso da doença; quando o uso é suspenso, os sintomas costumam retornar. A imunoterapia específica, conhecida como “vacina da alergia”, deve ser indicada por alergista ou otorrinolaringologista e tem potencial para diminuir a sensibilidade a ácaros e outros alérgenos, promovendo controle sustentado.
Para Ferraroni, “sem tratamento, a rinite alérgica prejudica sono e aprendizado”, motivo pelo qual o acompanhamento médico contínuo é essencial.
Alimentação e mitos frequentes
Não há evidências de que excluir leite ou outros alimentos trate a rinite respiratória, a menos que exista diagnóstico confirmado de alergia alimentar. Restrições sem fundamento podem comprometer a nutrição, sobretudo em crianças.
Dicas para viagens e situações especiais
Durante voos, escolher assentos próximos à frente do avião, manter hidratação adequada e aplicar soro fisiológico em spray ou gel nasal antes, durante e depois da viagem são atitudes recomendadas. Máscaras N95 acrescentam proteção ao filtrar partículas suspensas.
Importância do acompanhamento contínuo
Identificar sintomas precocemente, controlar o ambiente e seguir corretamente a prescrição médica reduzem significativamente a frequência e a intensidade das crises. Quando indicado, o uso de imunoterapia amplia as chances de controle de longo prazo. Avaliações periódicas com especialista ajudam a ajustar estratégias e garantir qualidade de vida ao paciente.
Faça um comentário