Novas expressões da MPB trazem arte e sensibilidade

Victor Irajá e Guilherme Ziggy

Contrastando com o crescimento do consumo de músicas de massa, como sertanejo universitário e funk, surge um movimento a par de produtores e gravadoras, procurando afirmação na mídia pela arte, crítica e sensibilidade.

Não baseados em conceitos antigos, nem fazendo mais do mesmo, novos talentos da música brasileira despontam, cada um com estilos próprios. É o caso do cantor Caio Prado, por exemplo, que procura em suas letras tratar com verdade questões pessoais e de abrangência pública.

Caio Prado cursou sociologia e o trabalho do cantor e compositor carioca de 24 anos apresenta um arranjo que mistura erudição e modernidade, letras bem construídas, contrastando poesias elaboradas, coloquialismo e sensibilidade aflorada.

O carro-chefe do artista é a música “Não Recomendado”, onde o cantor brada, com Daniel Chaudon e Diego Moraes, outros dois artistas despontando na cena, que apresentam como projeto paralelo o show homônimo a busca por aceitação das minorias, principalmente os homossexuais e procura expor e criticar o pensamento do povo a respeito do diferente. “Meu trabalho partiu muito dessa necessidade de dizer certas coisas, minhas opiniões e verdades a construir. Por estudar muito, procuro sempre tentar entender e expor o que penso sobre política e as questões sociais e todas as angústias desse século XXI”, afirma Caio, explicando que suas músicas são compostas baseadas no que vive, sente, vê e briga.

O cantor também acredita que as outras formas de propagação de conteúdo artístico dão voz aqueles que a mídia não toca. “O produto MPB hoje é defasado e refém do mercado “mainstream” de mídia. As rádios e grandes gravadoras hoje dividem espaço com outros meios. Existem outras ferramentas para falar o que penso”, explica Caio.

A par de preceitos pré-definidos como um arranjo batido ou letras superficiais, artistas consagram-se em seus centros e permanecem pouco conhecidos pela grande massa de consumo. E outra prova disso é a gaúcha Duda Brack, de 21 anos, que mostra força e autenticidade ao misturar MPB e rock em algo inclassificável em qualquer estilo e que já chama a atenção entre músicos e focos da cena artística, apresentando um som forte, rico e doído, juntamente com uma maturidade no palco peculiar para uma garota tão jovem.

“A música é onde eu consigo exorcizar os julgamentos e ser eu, pois nós, seres humanos vivemos atrás de máscaras. Meu lado mais enlouquecido se reflete no palco”, conta a cantora.  Duda Brack ainda aponta que existe quem lute pelo desbravamento sonoro, buscando verdade e consistência, que tenha um conteúdo mais sólido e mais consistente.

Duda, que recentemente lançou seu primeiro disco, “É.”, assim como Caio, afirma que faz sua música baseada no que de fato sente e acredita e que o fato do mercado vetar músicas que demandem bagagem cultural, política e até sentimental incomoda, mas que fatores mais pertinentes têm mais importância, e que está tudo relacionado. “Tem tanta coisa que incomoda, mas está tudo interligado. O fato de não termos educação muda o nosso modo de relacionarmos com a arte, por exemplo, e aumenta esse abismo”, diz a cantora.

Felipe de Paula, programador musical da rádio web Dpot e, anteriormente, da Eldorado FM acredita que o meio de ascensão de novos artistas migrou da rádio para a internet, não cabendo mais ao veículo determinar o que o ouvinte vai escutar. “O modo de ouvir música mudou. Hoje pelo YouTube ou aplicativos de streaming de músicas se escolhe o que ouvimos, não estando mais refém do que a rádio quer vender, então, o próprio mercado de música mostrou isso a estes artistas que o músico pode hoje se lançar, não dependendo de gravadoras. Antes passava pelo crivo da rádio, hoje isso não cabe mais, o rádio mudou para uma companhia instantânea ao ouvinte”, conta.

O programador musical ainda acentua que é preciso pensar se o interessante hoje para o artista é tocar na rádio ou viver nesse meio intimista, onde há o seu reconhecimento, até por parte de gente até consagrada e por quem entende seu propósito, mas, talvez, essa mensagem nunca chegue ao grande público.

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5 Comentários em Novas expressões da MPB trazem arte e sensibilidade

  1. Faltou alguns nomes expressivos. Mas tudo muito lindo de se ler e ouvir principalmente. Precisamos abrir nossas mentes para esses novos artista, que estão chegando cheios de charme, swing e qualidade.

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